A gruta é mais extensa do que a gruta

    follow me on Twitter

    quinta-feira, abril 14, 2005

    Retrospectiva: três anos na tela

    Como acredito piamente que os incautos (e surpreendentemente numerosos!) visitantes deste rincão esquecido pelos deuses têm uma cultura vastíssima e sofisticada, certamente vocês sabem o que um tobogã disse para o outro. Pois é, vejam só, quem diria: este endereço completa hoje três anos de existência. Considerando que os primeiros textos publicados aqui, em 2002, pertenciam a outro site que eu tinha desde 2001, façam as contas... Muita água rolou de lá pra cá. Mas não precisamos falar (muito) sobre isso.

    Este texto comemorativo de aniversário, tradicionalmente, serve para recapitular um pouco do que rolou por aqui no ano que passou (além de ajudar a quem quiser consultar algum texto específico sobre determinado filme _embora eu não saiba porque alguém em sã consciência faria uma coisa dessas). Também serve para esclarecer algumas coisinhas muito básicas e fundamentais, a saber: este site não é dedicado à crítica cinematográfica (eu não escrevo resenhas de filmes aqui _para outras publicações, até penso no assunto, desde que você seja meu amigo ou me pague decentemente ou seja uma mulher gostosa e insaciável que saiba cozinhar e fazer massagem) e eu não sou "cinéfilo" (não que eu não ame o cinema; amo, pratico e dou muito dinheiro pra esse miserável. É que a palavra me soa preconceituosa, e eu tenho uma vida sexual ativa demais para ter esta pecha colada em mim; desculpa aí, gente). Quem quiser mais esclarecimentos, pode perguntar depois, no nosso espaço nobilíssimo, a área de comentários otários (bom, só os meus são otários... geralmente).

    Dando uma olhada no ano que passou, dá pra perceber com clareza que o tempo escasseou muito; em compensação, creio que os textos estão mais equilibrados: ao mesmo tempo menos pernósticos, porém menos frívolos. Sabem como é, algumas coisas são como o vinho: dão uma baita dor de estômago...

    Mas o importante mesmo é agradecer a todo mundo e... ué, cadê a minha coroa de espinhos?

    Abril

    Nanook, o Esquimó / O Homem da Câmera / The Beatles Anthology
    Retrospectiva: dois anos na rede
    Glória Feita de Sangue / Nascido para Matar / Casablanca / De Crápula a Herói
    Festim Diabólico / A Dama de Shanghai / O Veredicto / O Sol É para Todos

    Maio

    Barravento / A Terra Treme / Diários de Motocicleta / 25 / Di
    Kill Bill Vol. 1 / Era uma Vez no Oeste

    Junho

    Pulp Fiction / Scarface (1983) / Platoon / Matador

    Julho

    Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban / Shrek 2 / Homem-Aranha 2
    Cazuza - O Tempo Não Pára / Amadeus
    Tróia / Gladiador / Coração Valente

    Agosto

    Igual a Tudo na Vida / Edu Coração de Ouro
    Harakiri / Lugares Comuns / Fahrenheit 9/11

    Setembro

    Minha Esperança É Você / A Vila / O Garoto Selvagem / Cama de Gato
    Barry Lyndon / Dr. Fantástico ou Como Aprendi a Parar de me Preocupar e Amar a Bomba

    Outubro

    Super-Homem: o Filme / Super-Homem 2: A Aventura Continua / Super-Homem 3
    Kill Bill Vol. 2

    Novembro

    Nina / Balanço da Mostra 2004

    Dezembro

    Má Educação / Labirinto de Paixões / Thriller - A Cruel Picture

    Janeiro

    Reinado de Terror / Pueblerina
    Peões / Entreatos / Meu Tio Matou um Cara
    Alexandre / Eureka/ Sobre Café e Cigarros

    Fevereiro

    Closer - Perto Demais / Menina de Ouro
    O Aviador / Alice Não Mora Mais Aqui / Depois de Horas / Quem Bate à Minha Porta?

    Março

    Diabo a Quatro / Um Dia nas Corridas / Uma Noite na Ópera

    P. S. Como o aniversário é nosso, mas o presente... também é nosso, segue aí de lambujem um inacreditável texto gerado a oito mãos (as de Ana, Marcelo, Danilo e Maurício) neste outro logradouro virtual. Com vocês, "A Manca":

    "Ele sempre bebia às sextas-feiras. Ele sempre ficava alterado. Ele sempre achava que a manca, garçonete do boteco, era a mulher da vida dele.
    Mas ele tinha uma maneira meio estranha de chamar a atenção da manca. Sempre que ela passava por sua mesa, exibindo aquele rebolado peculiar, ele dizia algum sutil galanteio, como:
    _ Psst! Ô, gostosa!
    Ou como:
    _ Ô, coxuda!
    Ou ainda:
    _ Chuchu da minha marmita!
    Como a manca não se mancava e sempre o ignorava, uma hora ele resolvia apelar para a ignorância: passava uma rasteira na moçoila. Esta, ao estatelar-se no chão, se limitava a olhar, perplexa, para ele, que dizia:
    _ Tô falando com você.
    Até que, numa sexta-feira, a manca não deu as caras no bar.
    Nem na outra sexta. E nem na outra.
    Foi quando ele parou pra perguntar pra um outro garçom:
    _ Ô meu, cadê aquela moça manca?
    _ Ah, vai casar com o dono do bar...
    Diante desta espantosa revelação, o jovem e ébrio galant reuniu toda a potência de seus neurônios combalidos pela marvada e procurou formular uma complexa sentença. Mas, em vez de algo como "Por que coxa, se bonita? Por que bonita, se coxa?", o que saiu foi:
    _ Que me importa que a mula manque, eu quero é rosetar!
    Decidido a conquistar a mulher da sua vida e informado do endereço da mesma, dirigiu-se à residência daquela ingrata, munido de uma garrafa de Velho Barreiro. Chegando lá, deparou-se com as venezianas cruelmente fechadas (também, eram três da manhã). Caprichou na mira bêbada e atirou a garrafa na janela da amada (mas acabou acertando um gato preto que passava por ali), gritando, com toda a força de seus pulmões:
    _ Grandes são os desertos, minha manca! Grandes são os desertos!
    Mas o que o nosso miserável herói não sabia era que a manca, além de manca, era surda-muda...
    Sua amada manca-surda-muda não acordou. Porém, sua vizinha, cega e dona do gato, saiu à janela chamando pelo animal.
    A deslumbrante visão de uma mulher de óculos escuros a tatear o vazio em frente a própria janela e a gritar no meio da madrugada fez com que ele, mais desesperado ainda, tivesse um ataque de diarréia bem naquele momento, bem naquele lugar.
    Felizmente, a manca, que era surda-muda, mas tinha um olfato excelente, abriu a janela e, vendo seu fiel cliente em apuros, desenrolou um papel higiênico como se fosse Rapunzel jogando as tranças para seu amado.
    Nosso herói, tocado pela generosidade da manca, não se importou por ela ser manca, surda e muda, mesmo após ficar sóbrio. E a manca surda e muda finalmente ficou sabendo que aquele homem, a quem havia servido tantas vezes, lhe dirigia galanteios à mesa, em vez de querer ensiná-la a lutar capoeira. Pena que a manca também tinha cisticercose, mas esta é uma outra história."

    Nenhum comentário:

    Na platéia