Sangue de Pantera
“Você precisa de um homem pra chamar de seu, mesmo que esse homem seja eu.”Caray, o Erasmo é massa.
Mas você já percebeu que está passando uma enxurrada (eu não devia usar esta palavra em janeiro, mas...) de filmes antigos em São Paulo? Parece que os exibidores se tocaram de que existe público (não muito grande, mas existe) para os clássicos... E já vou avisando: os próximos cinco filmes a serem cuspidos aqui foram feitos há pelo menos 25 anos... Sessão nostalgia is on the house.
Então, antes de a lanchonética Vanessa e eu comermos o famoso (e escandalosamente caro, como quase tudo em São Paulo) bauru do Ponto Chic, fomos à sala Lima Barreto do Centro Cultural São Paulo assistir, “de grátis”, a “Sangue de Pantera”, filme que inspirou “A Marca da Pantera” (batizado no exterior de “O Beijo da Pantera”, título muito mais legal), com a ex-totosa Nastassja Kinski, filha do malucão Klaus Kinski.
Confesso que não entendo bem porque esse filme virou cult. Lançado em 1942 pela RKO, “Cat People” traz diretor (Jacques Tourneur) e elenco (encabeçado por Simone Simon, que filmaria com o grande Robert Wise) razoavelmente desconhecidos. Trata-se de uma produção barata, embora não escancaradamente “B”, e de apenas 73 minutos de duração, ou seja, é quase um média-metragem. Mas dá para entreter, o que nos fez esquecer da péssima qualidade da cópia, do cheiro de mofo da sala (lotada, é bom dizer) e do pouco espaço entre as cadeiras.
A história até que é simples: um americano se envolve com uma imigrante sérvia. A certo ponto da história a mocinha revela que descende de uma tribo cujas mulheres, segundo a lenda, se transformariam em panteras para assassinar seus maridos. Em vez de viúvas-negras, panteras negras, saca? Pronto, praticamente contei o filme inteiro. Mal aí.
É que o filme é tosco mesmo. Mas também é simples e consegue contar a história sem usar efeitos especiais, abusando da estética “noir” em voga na época. E há alguns momentos primorosos de tensão, como a cena na piscina (belíssima e soturna fotografia) e a da saudação sinistra no restaurante...
À medida em que o filme avança, Simone Simon consegue tornar-se tão apavorante quanto uma Lorena Bobbitt... Brr!! Caras que acreditam na história da vagina dentada (outra forma “poética” de expressão do pavor que certos homens sentem _mas não assumem, pois são mariquinhas_ das mulheres) e que não seguem o ensinamento máximo de Marcelo Nova (“Enquanto eu tiver língua e dedo, mulher nenhuma me mete medo”) terão pesadelos...
Nota: 6,5/10
P. S. Eu vi o Recife, e ele começava no oceano Atlântico.
P. P. S. A pedidos do dono do meu único blog-filho, visitem. Mas não só.
P. P. P. S. O macaco tá certo? Vi no no mínimo
P. P. P. P. S. Recomendação da semana: este artigo de Celso Sabadin. Et c’est fini.