Um Grande Garoto
Quando você entra em um banheiro público e a única pichação existente é “Jesus te ama”, isso significa que é seu aniversário?Bombardeado pelos odores das comidas globalizadas da praça de alimentação do shopping aqui perto da minha goma, fui ver “Um Grande Garoto” em 29 de agosto, com um atraso enorme _felizmente o filme ficou um bom tempo em cartaz.
Tem gente que vai me atirar pedras e pedregulhos, mas eu nunca li Nick Hornby nem pretendo ler seus livros a curto prazo. Não achei a versão de Stephen Frears para “High Fidelity” (escrevi um texto sobre o filme no Folhateen, em 2000, mas não achei o link no UOL, até porque não sou assinante) grande coisa. Entretanto, muita gente boa falou bem deste “About a Boy”, e a trilha sonora do Badly Drawn Boy é um primor, admirável mesmo. Um grande disco.
E eu também simpatizo com o tal do Hugh Grant. E daí que ele foi idiota a ponto de ser flagrado com uma puta horrível quando namorava a shaggadelic Elisabeth Hurley? Eu até que dei risada em “Nove Meses”, gostei do “Razão e Sensibilidade”, achei “Um Lugar Chamado Notting Hill” bem bonitinho e tal.
E “Um Grande Garoto” é mais um representante do cinema “bonitinho”. Tem o molequinho com cara de legal, que obviamente é um pária freak e se apaixona por uma menina que nunca irá dar bola para ele; tem o cara mulherengo e filho da puta que se transforma após conviver com uma criança; tem a mãe destrambelhada e problemática, que uma hora vai ter de tomar vergonha na cara; tem o pato que morre ao levar uma pãozada na cabeça etc. Você já viu este filme?
Estranhamente, ele é assinado pelos irmãos Paul e Chris Weitz, que também dirigiram aquela bobeira que é “American Pie” e roteirizaram “Formiguinhaz” e “O Professor Aloprado 2”... Que mistureba, não?
Mesmo que isso tudo dê ao filme a aura de ter sido feito apenas para dar dinheiro (como se o cinema não fosse uma indústria e blablablá), a verdade é que ele é bem gostoso de assistir. Não, não há grande profundidade; há sentimentalismo de sobra, isso sim. Mas eu simplesmente não estou no clima para desancar este trabalho, que provavelmente não se tornará um clássico, mas que é emocionante (fácil, extremamente fááácil) o bastante para carregar um germe de lembrança boa. Ooopa, que viadagem é essa?
Nota: 8/10