A gruta é mais extensa do que a gruta

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    quarta-feira, outubro 30, 2002

    Rocha Que Voa


    Eu havia visto Eryk Rocha falar na série de debates “Estética x Cosmética da Fome”, mas não me impressionei muito. Basicamente, ele veio com o discurso da necessidade de experimentalismo na arte, disse que o cinema nacional não deve ficar apenas no eixo RJ-SP e outras idéias não necessariamente novas.

    Mesmo assim, estava curioso para ver seu filme “Rocha Que Voa”, que enfoca a passagem de seu pai, o eternamente polêmico cineasta Glauber Rocha, por Cuba, país visto à época como exemplo de liberdade e de democracia (!) a ser seguido por toda a América Latina, de acordo com os ideais da intelectualidade de esquerda, dita, nunca entendi exatamente por quê, “progressista”.

    E o filme é guiado, em grande parte, por entrevistas que Glauber deu para rádios da ilha de Fidel Castro, nas quais ele fala um portunhol muito do vagabundo. O discurso que Glauber esparramava era repetitivo e lotado dos clichês do marxismo. Palavras como “burguês”, “dialética” e “revolução” são marteladas incontáveis vezes. O cineasta-personagem glorifica Che e, segundo depoimentos, considerava os cubanos o único “povo latino-americano forte e feliz”.

    Política (tema capital na vida e no trabalho de Glauber) à parte, o filme pode interessar não apenas aos aficionados pelo artista, mas também àqueles que se seduzem com a ilha próxima a Miami. Paisagens (algumas muito belas) e anônimos desfilam pela tela, misturando-se a cenas dos filmes do retratado e de seus pares cubanos, enquanto a voz de Glauber ou os depoimentos, seja de representantes do povo cubano ou de cineastas do local, sendo o mais célebre deles o veteraníssimo Tomás Gutierrez Alea ("Morango e Chocolate", lembra?), invadem nossos ouvidos.

    A forma (plástica, pelo menos) mais tradicional de documentário é quebrada aí, já que as imagens são tratadas de maneira extremamente heterogênea, os enquadramentos não necessariamente revelam o rosto do depoente, que, na maior parte do tempo, fala em off, como Glauber.

    O problema é que o filme acaba por ser um tanto dispersivo justamente porque exibe informação em excesso, dando a impressão de que poderia ser um pouco mais curto. Talvez por isso um dos destaques da obra seja justamente a parte onde Tereza (“Teca”, para Glauber), namorada cubana do diretor de “Der Leone Have Sept Cabeças”, dá o seu depoimento e mostra poemas que Glauber fez para ela, dando ao documentário um pouco de leveza.

    Falando em leveza, como me sinto bem naquele anexo do Espaço Unibanco! Imagino que muita gente não goste das salas (a de número quatro, onde eu vi o filme em 2 de outubro com a engambelante Vanessa, era a única que eu ainda não conhecia) por causa do tamanho reduzido das telas, mas aquela casinha, aquele quintalzinho bonito destoa tanto da São Paulo imunda e violenta que aturamos... e o ingresso saiu apenas por R$ 3!!!

    Nota 7/10

    sexta-feira, outubro 25, 2002

    O Articulador

    Vejam só: pelo que andei lendo por aí, este “People I Know” (nome original desta película _ainda podemos falar “película”, não?) só deve estrear lá nos EUA em 2003. O quê? Quer dizer que nós assistimos a um filme norte-americano antes dos ianques?

    É algo para pensar, não? Já que, nesta obra, a cidade de Nova York é criticada de maneira desenfreada, porém honesta. A intolerância quanto aos estrangeiros, acirrada ainda mais após o 9/11 (lá é ao contrário, lembra?), é mostrada sem filtros. Será que vai fazer algum sucesso por lá? Vai receber alguma indicação da Academia? Duvideodó.

    Em “O Articulador” (visto nas dependências do Arteplex da Frei Caneca no dia 29 de setembro passado, com a colecionadora de bichinhos Vanessa), vemos o velho Alfredo Pacino (o nome dele é Alfredo, sabia? Xará daquele mordomo do comercial de papel higiênico...) mais uma vez interpretando um cara no bico do corvo (uma atuação muito superior à que ele apresentou em “Insônia”).

    Ele é Eli, um advogado formado em Harvard (judeu, gay e usuário de drogas), mas que trabalha como relações-públicas. Eli divide-se entre puxar o saco de gente famosa e da imprensa (maltratando bastante seu assistente no processo) e tentar realizar eventos para a caridade, aliviando sua consciência pesada.

    Somos testemunhas do cotidiano um tanto insano de Eli, que recebe uma missãozinha ingrata: Cary Launer, uma grande estrela de Hollywood (interpretada pelo sumido Ryan O’Neal, aquele de “Love Story” _ele também já filmou com Stanley Kubrick, Blake Edwards e Peter Bogdanovich, entre outros) que pretende se eleger para o Senado, pede que ele vá tirar uma “starlet” (Téa Leoni) da cadeia e a coloque em um avião, para evitar um escândalo sexual. Mas a moçoila estava metida em outras encrencas das grossas e...

    Bom, é aqui que o filme fica interessantíssimo e dá uma amostra singular de invulgaridade: em vez de descambar para um simples “thriller”, “People I Know” firma-se como um drama, e dos bons. Generoso, o filme todo gira em torno da (bem boa, como já disse) interpretação de Al Pacino (que ainda contracena com Kim Basinger, resistindo em Hollywood, apesar da idade _ela já vai fazer 50 no ano que vem!!!).

    Resumindo: o filme não é sensacional (embora seja sensacional a tomada final, quando a câmera vira de cabeça para baixo ao enfocar o “skyline” da “Big Apple”), mas é digníssimo. Traz um grande protagonista, bons coadjuvantes e um pedaço de uma reflexão necessária sobre o mundo no limiar do século XXI. Mas os EUA nem quiseram ver antes de nós...

    Nota: 8,5/10

    segunda-feira, outubro 21, 2002

    Eraserhead

    Opa.

    Por um acaso eu já falei pra vocês sobre as revistas “Hellblazer” (a.k.a. John Constantine) e “Sandman Apresenta: Lúcifer”? Já? Tão tá. Agora vamos voltar a falar sobre David Lynch.

    Taí um cara que merece as polêmicas que levanta (nada a ver com aquela história do modelo que disse que estava no próximo filme e tal, e acabou enganando até amigo meu). Sua produção é irregular, sim. Não somente em termos de qualidade, mas também em temas, tratamentos etc.

    Só, que, gostando-se ou não, ah, a gente tem de admitir que o homem tem personalidade. E esta é a característica primordial de um artista _e não digo “artista” com aquela perspectiva aveadada que muita gente metida a sabichona adota. Estamos falando sem frescura, baby.

    Em seu primeiro longa, este um tanto raro “Eraserhead” (1976), Lynch já demonstrava todo o seu universo pleno de esquisitices, que apareceria mais desenvolvido em “A Estrada Perdida”, “Cidade dos Sonhos” e outros.

    O filme é kafkiano (ui). Aos poucos (bem aos poucos) somos introduzidos à vida de um cara com um penteado louco (nada a ver com os anos 70, ponto para Lynch), que, logo mais saberemos, se chama Henry e trabalha em uma fábrica.

    Henry mora em um edifício assustador. Sabemos que ele tem uma vizinha muito gostosa e possivelmente safada. Mas Henry tem uma namorada. E ele vai jantar na casa dela, onde conheceremos sua adorável família _a seqüência do jantar é capaz de revirar até os estômagos do David Cronenberg, de todo o elenco do La Fura Dels Baus e até o da mulher do Amaral.

    Ah, a namorada de Henry está grávida. O rebento do casal é quase tão biíto quanto o bebê de Rosemary. E como chora, o desgraçadinho. Ai, ai.

    E ainda teremos de ser apresentados à simpaticíssima Lady in the Radiator (a seqüência toda é um germe do anão de “Twin Peaks” e do Clube Silêncio de “Mullholland Dr.”) e suas bochechaças dignas do Fofão. E ela canta aquela musiquinha “In Heaven”, que foi regravada mais de uma década depois pelos Pixies... Yeah.

    Difícil de entender, não? E olha que a cópia que eu vi estava em péssimo estado... e era sem legendas.

    Ah, e sabe o título, que significa “Cabeça de Apagador”? Faz sentido.

    Nota: 7,5/10

    quarta-feira, outubro 16, 2002

    Sinais

    Antes de tudo, a propaganda: já estão nas bancas e livrarias especializadas as duas revistas mensais de histórias em quadrinhos cuja tradução é deste que vos escreve (é um bico que estou fazendo nas horas vagas, já que os trabalhos como jornalista, infelizmente, andam cada vez mais escassos...).

    Uma delas chama-se “Hellblazer” e traz as desventuras de John Constantine, um anti-herói inglês que mexe com ocultismo _basicamente, ele tenta prorrogar ao máximo sua ida para o inferno. O personagem, cujas feições foram baseadas nas do Sting, foi criado em meados dos anos 80 por Alan Moore, Steve Bissette e John Totleben, como coadjuvante do Monstro do Pântano, mas sua canalhice fez tanto sucesso que ganhou revista própria, que, impressionante, dura há mais de quinze anos... E, tremei, um fime está a caminho, embora diretor e protagonista (Nicolas Cage e Keanu Reeves foram sondados, mas, segundo Alan Moore, quem deveria pegar o papel teria de ser o Sting mesmo) não estejam definidos... A novela pode ser acompanhada aqui.

    A outra é “Sandman Apresenta: Lúcifer” e, como o nome indica, aborda o diabão em pessoa, o Anjo Caído, blablablá (mais detalhes na “Bíblia”). Baseada na famosa série escrita pelo Neil Gaiman (qualquer dia eu publico aqui a íntegra da entrevista que fiz com ele para a Ilustrada e conto como foi o meu encontro com o criador de “Sandman”... que, por sinal, tem um blog há uns dois anos...), a revista traz duas histórias por edição, uma do Lúcifer e outra estrelada por outros personagens daquele universo onírico.

    Quem curte HQ (e não se incomoda com blasfêmias, palavrões, sexo, violência, drogas, desvirtuamento dos valores morais e éticos e outras coisas que adultos saudáveis apreciam) pode conferir sem medo, é bem legal, qualidade garantida.

    Outra coisa: vocês assistiram ontem ao primeiro episódio de “Cidade dos Homens”, na Globo? Muito bom, hein? E aquela hora em que o Acerola (Douglas Silva, que fez o Dadinho em “Cidade de Deus”) explica as guerras napoleônicas com o dialeto da favela? E quando os atores começam a relatar eventos verdadeiros da violência nos morros cariocas? E quando falaram que “playboy só vem pro morro pra comprar droga, filmar ou fazer reportagem”? E quando comparam os condomínios cheios de grades e câmeras com a favela...? Até sexta tem mais...

    Mas agora vamos falar desta meleca que é “Sinais”, visto em 25 de setembro passado (aniversário do meu irmão caçula), num frio que destoa desta quentura votuporanguense e que me obrigava a usar minhas sensacionais pantufas-gorila, na companhia da extraterrestre Vanessa, no shopping Higienópolis.

    Em seu melhor filme, "Corpo Fechado", M. Night Shyamalan (cineasta de origem indiana que ficou bastante conhecido após dirigir o razoável "O Sexto Sentido") parte de uma premissa muito legal: a de que os super-heróis dos gibis realmente poderiam existir entre nós, reles humanos xexelentos.

    Já em seu filme seguinte, este tal de "Sinais", o desgramado procurou outro tema que pregasse todo mundo na cadeira: as tais das formas geométricas gigantescas que livros como "Eram os Deuses Astronautas?" (que pelo menos inspiraram o Jorge Ben a compor a delirante "Errare Humanum Est") popularizaram...

    O trailer e a estratégia de marketing bem que prometiam, só que o puto do Shyamalan põe tudo a perder, graças a seu maldito moralismo cristão (dias antes eu havia visto “Olhos Abertos”, filme anterior a “O Sexto Sentido”, no Telecine, onde as características subspielbergianas do cara ficam ainda mais evidentes).

    "Sinais" não é tão ruim como "Se7en", longe disso, mas também vai ofender sua inteligência. É o tal do filme meia-boca disfarçado de filme bom. Shyamalan invoca Hitchcock no letreiro de abertura (a melhor parte da obra, sem brincadeira) e na trilha sonora a la Herrmann, deixa que o medo seja sugerido, e não mostrado, enfim, escolhe o caminho do suspense, e não o do mero "thriller" ao estilo Michael Jackson... só que, mesmo assim, a coisa desanda.

    O resultado não poderia ter sido mais decepcionante. Ao contrário de "Unbreakable", "Sinais" tem um final extremamente previsível (por que o cinema made in USA parece estar viciado em finais broxantes?). As únicas atuações de destaque (Shyamalan volta a dar uma de coadjuvante, desta vez com várias falas) são as das crianças (de novo? Que diretor pedófilo!), o irmão mais novo do Macaulay Culkin e a menininha que tem neura de água (imagina se ela morasse na imundície paulistana, como bem notou o sensato Flea). A dupla Mel Gibson e Joaquin Phoenix não apresenta nada de especial, apenas o fato de os dois serem suficientemente parecidos fisicamente para passarem por irmãos. E chega, por hora. Depois de uma dessas, começo a perder a minha fé...

    Nota: 5/10

    sexta-feira, outubro 11, 2002

    Lucía e o Sexo

    Mas que calor, hein? Por la concha de tu madre...

    Quando eu fui ao Arteplex ver “Lucía e o Sexo” (traduziram como “Lúcia”, mas é “Lucía” mesmo), no 21 de setembro passado, era inverno, estava frio e chovia. Bons tempos aqueles...

    É verdade que muita gente associa o cinema espanhol à putaria? Não é bem assim, mas quem foi ver este filme por causa da palavra “sexo” ou pelo seu cartaz-clichê, que traz a protagonista Paz Vega (leia-se “guapa mujer”) andando de bicicleta (ou era de mobilete? Ambas têm selim, não?), não saiu decepcionado. Tem muita nudez (inclusive um desnecessário _também segundo a impressionante Vanessa_ close de um pau ficando duro em câmera lenta, a la John Lennon) e bastante sexo, então creio que ninguém levou gato por lebre.

    Quem assina o filme é Julio Medem, um dos nomes “quentes” do tal “novo cinema espanhol”. O diretor de “Os Amantes do Círculo Polar” já está ficando conhecido pelos seus roteiros intricados (alvos ao mesmo tempo de críticas e de elogios _mas as primeiras são mais freqüentes).

    E o roteiro deste filme é confuso? É, mas isso é proposital. Medém faz uma brincadeira literária a la Cortázar (ou a la Borges, whatever, é tudo argentino mesmo) e concentra-se na idéia de que toda história (labirinto) tem um “buraco” (“janela”?) pelo qual pode-se voltar no tempo e alterar o enredo. E é exatamente isso o que o filme faz.

    Funciona? De certa forma, sim. Mas isso não desculpa certos pontos mal amarrados (muitas situações do filme demoram demais para serem explicadas, e Medem não é Lynch)...

    Cenografia e câmeras também se misturam ao roteiro, e eu poderia ficar viajando em seus possíveis significados, mas vamos deixar isso para os comentários, se alguém se atrever. Mas os cenários paradisíacos, as tomadas marinhas (e submarinas), a luz estourada, a simulação da vertigem... tudo está ali com um propósito. Ah, um detalhezico: os créditos finais, letras pretas sobre fundo branco, descem...

    E desta vez nem vou contar o enredo, é melhor irmos ao que mais interessa: mulé, ou melhor, las mamacitas. Paz Vega (que usou dublê de corpo nas cenas de peladice) tem cara de nada, mas é óbvio que não é de se jogar fora; Nawja Nimri, que faz Elena, aparece embagulhada no início, mas ao final do filme terá seu belíssimo rosto valorizado; agora, quem mata a pau mesmo é a babá Belén, interpretada pela Elena Anaya, uma menina que vai longe...

    No todo, um filme interessante, apesar de longe de ser uma obra-prima. Ficou bastante tempo em cartaz no circuito culturete daqui, o que indica... ah, não, já aturamos piadas cretinas demais em um texto só. Tchau.

    Nota: 8/10

    P. S. Curiosa esta lista dos cem maiores vilões do cinema... Claro que é voltada para o cinema norte-americano, apesar de alguns (poucos) estrangeiros terem entrado... Algum fã de Nick Hornby aí gostaria de sugerir nomes para uma lista brasileira (não com cem vilões... uns dez tá bom?)?

    P. P. S. Sugiro a leitura do ótimo (como de costume) artigo de Alcino Leite Neto sobre "Bloodwork", o novo filme do graaaaande Clint Eastwood, que passará na Mostra com o título "Dívida de Sangue"... A não perder.

    segunda-feira, outubro 07, 2002

    Houve uma Vez Dois Verões

    E aí? Votou gostoso?

    Talvez você já tenha ouvido falar no Jorge Furtado, cineasta gaúcho que realizou trabalhos bastante interessantes na Globo, como a série “Comédias da Vida Privada”, e curtas sensacionais _embora o mais cultuado seja o “Ilha das Flores”, na minha absurdamente humilde opinião o melhor mesmo é o praticamente perfeito “O Dia em Que Dorival Encarou a Guarda” (86), que traz o João Acaiabe, aquele tiozinho bonzinho que nos contava historinhas no “Bambalalão”, com a Gigi e o Tic-Tac, depois de “Curumim” e antes do “Cata-Vento”, na RTC.

    Mas voltando à vaca fria, Furtado (a quem tive a oportunidade de ouvir em pessoa em um dos dias da série de debates “Estética x Cosmética da Fome”, que também trouxe Eduardo Coutinho, Suzana Amaral, Fernando Meirelles, Eryk Rocha etc., fora outros cineastas que estavam na platéia) estreou recentemente seu primeiro longa-metragem, este “Houve uma Vez Dois Verões”, e prepara seu segundo, “O Homem Que Copiava”.

    Se seu segundo longa promete ser uma produção mais apurada e ambiciosa, sua estréia neste formato é simples e despretensiosa. Produção barata (não no sentido pejorativo), feita com câmera digital, atores inexperientes (um deles é filho do diretor _nenhum problema aí, lógico), filmada em locações (é o novo cinema, aleluia) no Rio Grande do Sul _é legal ver filmes fora do eixo Rio-São Paulo pra variar; novos sotaques, novas paisagens, novas doenças venéreas... opa.

    E, caramba, como é bom ver um filme no qual não aparecem armas! Às vezes eu me canso de ver tantos filmes necessariamente policiais ou violentos _parece que não é possível criar um roteiro no qual o “mocinho” não precise empunhar um revólver...

    O título faz referência óbvia a “Houve uma Vez Um Verão” (“Summer of 42”, de Robert Mulligan), que traz algumas similaridades no enredo. No filme de Furtado, dois adolescentes loucos para perder a virgindade estão entediados durante o verão. Um deles conhece uma menina mais velha e interessante, e a coisa acaba rolando. O moleque se apaixona, mas a garota some. Um tempo depois ela reaparece... com uma surpresa.

    Trata-se de um filme para adolescentes, como reforçam a seqüência da abertura (a máquina de pinball tem papel importante na história) e a trilha sonora, composta também por artistas gaúchos. A imbocejável Vanessa, que o viu comigo no Arteplex, não gostou. Mas o caminho para fazer cinema de maneira decente no Brasil começa por aí.

    Nota: 7/10

    Na platéia