Um Dia Muito Especial
O veteraníssimo diretor italiano Ettore Scola parece ser capaz de ir ao céu e ao inferno. Ele consegue fazer bons filmes, como o recente “Concorrência Desleal” (sem falar em clássicos como “Nós Que Nos Amávamos Tanto”), mas também lixos absurdamente horrorosos, como “O Baile”, sério candidato ao título de pior filme de todos os tempos, empatado com, urgh, “Se7en”... Até “Plano 9 do Espaço” e o monstruoso “O Incrível Homem Que Derreteu” são melhores...Mas “Um Dia Muito Especial” é um desses filmes de dar gosto. Não chega a ser uma obra-prima, mas é uma daquelas obras capazes de não apenas encantar pela sua beleza intrínseca, mas passar uma mensagem fundamental para a humanidade, a da tolerância.
Falando em tolerância, assisti a este filme com um baita de um sono, em uma tarde de domingo, mascando o chiclete oferecido pela funky mama Vanessa, que não fica nada a dever em termos de totosice para a Sophia Loren, uh yeah.
E a Sophia Loren é realmente o grande destaque do filme. Apesar de já estar meio veiaca, a Vera Fischer da Itália bate um bolão com o meu alter ego Marcello Mastroianni, aqui um pouquinho menos histriônico do que em outros filmes.
Então vamos falar do enredo: na transição entre as décadas de 30 e 40, Loren é uma dona de casa cheia de filhos e com um marido que não lhe dá atenção (para não dizer que a chifra sem grandes culpas). Vive em uma vizinhança de Roma onde também mora o radialista interpretado por Mastroianni, demitido injustamente, apenas por ser homossexual.
Quando Hitler visita a Roma de Mussolini, toda a população vai em massa saudar o desgraçado do führer. Ou melhor, quase toda, porque Loren, apesar de querer ir à festa, tem de ficar cuidando da casa, e o velho Mastrô não é trouxa de ir babar ovo para os fascistas. É neste contexto que eles se encontram e passarão um dia juntos, se conhecendo (bastante, eu diria), se entendendo e se desentendendo.
O legal é que o filme é simples, filmado em apenas uma locação, com dois grandes atores e, apesar de tudo isso, trata-se de uma obra puramente cinematográfica, sem teatralidade em excesso. Forma e conteúdo caminham de mãos dadas e não tropeçam um no outro...
Nota: 9/10