Vai sonhando, Nolan
E vamos ao segundo texto seguido com "sonho" no título: aconteceu que vi o tão comentado "Inception" ou "A Origem", filme novo do cineasta que fez de Gotham City um lugar bem chato. E é difícil de entender o motivo pelo qual andam comparando o Christopher Nolan até com Stanley Kubrick, um tremendo disparate.O filme segue estratégia muito parecida com "Memento" ou "Amnésia", produção de 2000 que catapultou sua carreira: usa de um artifício para embaralhar um filme de gênero. No mais antigo, o filme era de vingança; agora, é de "homens em missão".
E até que é um filme bem divertido, quando a ação começa. Mas, até lá, a primeira hora só não chega perto do insuportável porque, ironicamente, é soporífera: interrompi o filme por aí e fui dormir, continuando no dia seguinte (outro que disse que o filme dá sono é o Ailton). Trata-se de um mal necessário: como Nolan criou um mecanismo engenhoso e complicado para fazer com que seu filme fosse superficialmente diferente de um "The Dirty Dozen" ou "Inglorious Basterds", foi preciso gastar uma hora com uma aula explicando tudo nos mínimos detalhes... E parece que ainda assim teve gente que não entendeu ou, para piorar, fica elaborando teorias estapafúrdias sobre o que o enredo realmente significaria...
E para dar um pouco mais de substância, o filme também traz duas relações conflituosas entre personagens, a de Leonardo DiCaprio com Marion Cotillard (e o martelamento irônico de "Non, Je ne Regrette Rien" _ tema de Zelda Scott em "Armação Ilimitada", hehehe) e a de Cillian Murphy com Pete Postlethwaite. OK, seu Nolan, o sr. me garantiu uns 60 minutos de espancamento das gônadas e 80 minutos de ação rasa e divertida. Pelo menos ainda prefiro ver seus filmes que ler as defesas acríticas de seus fanboys.
10 comentários:
Muito obrigado pelo comentário sucinto sobre A Origem. Não aguento ter de explicar de N maneiras porque o filme não é uma obra-prima. Disse outro dia mesmo que as pessoas não ouvem as explicações justamente pelo filme ter dado uma palestra massante sobre sonho e subconsciente. As pessoas se cansam e querem mais é encher os olhos mundos entrecortados em câmera super lenta. Todavia, eu vejo os méritos do filme diminuírem, se tivesse escrito sobre ele já teria caído no ostracismo. Personagem da Elle Page faz o papel de telespectador, a todo momento fazendo perguntas pontuais para lançar a explicação aos ingênuos.
"Personagem da Ellen Page faz o papel de telespectador, a todo momento fazendo perguntas pontuais para lançar a explicação" - Exatamente, Pips. Isso cansa bastante, mas como disse no texto, é um mal necessário. O problema é que Nolan criou um mundo que ele não pôde simplesmente mostrar, então teve de explicá-lo, como se desse uma aula. Só que não dá para cabular nem jogar bolinha de papel na cabeça do professor.
Em resumo, é apenas um filme de ação hollywoodiano _ e que funciona como tal por pouco mais que metade do tempo!
E morreu a Sally Menke, montadora de todos os filmes de Tarantino. É um golpe duro, que obrigatoriamente joga seu cinema em uma outra fasee _ isso se ele não se aposentar, hipótese que não desconsidero.
Triste perda. Será que ele não chama o Rodriguez como montador?
Nem o Rodriguez nem o Eli Roth. Não tenho a menor ideia do que ele vai fazer. Ficou órfão, perdeu a grande parceira.
Apaguei os dois spams de sites que pintaram por aqui. Nada contra um convite para visitar um site, mas que seja algo pelo menos minimamente personalizado. Você acaba vendo o mesmo texto em tudo quanto é blog, que coisa chata.
Foi só eu reclamar de comentário-spam e aparece outro...
Sério mesmo? Me amarrei na Origem e acho que Nolan tinha que estar no lugar dos Irmãos Coen no Oscar, pois este não fizeram nada de inovador este ano.
Mas o Nolan também não fez nada de inovador. Nem o Aronofski, que se diz "original". Vai mal essa nova geração hollywoodiana...
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