Michael Jackson era isso aí
Para marcar o primeiro aniversário da morte de Michael Jackson, a Globo exibiu antes mesmo da TV paga o filme de Kenny Ortega que nunca deveria ter sido visto, "This Is It" (2009). Curiosamente, passou legendado, respeitando a janela e na íntegra, com créditos finais e tudo _ um milagre que, desconfio, deve ter ocorrido por obrigação contratual.É um documento precioso, que reforça muito do que se sabia sobre o artista (seu perfeccionismo, seu envolvimento com todos os aspectos de seu trabalho _ ele é virginiano como eu, afinal; ambos nascemos em 29 de agosto _, sua preocupação com temas "positivos" _ nunca tinha ouvido alguém usar a metáfora "a Terra está com febre" para descrever o aquecimento global), revela aspectos bem interessantes (sua tolerância e doçura com sua equipe _ com destaque para a gatinha Orianthi Panagaris _; sempre que está insatisfeito e faz críticas, é sempre com a preocupação de ressaltar que fala "com amor" e que confia que o resultado desejado será atingido por meio do trabalho; nunca abusa de seu poder, de seu status de lenda-viva) e mantém no escuro sua vida particular _ mesmo vivendo cercado de seguranças e outros empregados, na casa onde morreu só os três filhos e o médico tinham acesso além do térreo (isso o filme não mostra).
Também deixa claro que, apesar de não apresentar novidades, o show que preparava não devia aos que fez antes; aos 50 anos, pouco perceptíveis por causa da multidão de plásticas que o desfigurou (mas é verdade que ele tinha vitiligo, provou a autópsia), estava em forma: seguia cantando e dançando bem, e olha que estava se poupando nos ensaios. Isso é o que há de mais triste: ver que o artista, meio que contra tudo e contra todos, ainda estava em condições de apresentar um espetáculo digno da imagem que construiu. Terminou por ter uma morte, à sua maneira, também espetacular, embora sem a graça (a "mágica", como gostava de dizer) que ele trazia para suas apresentações.
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