A gruta é mais extensa do que a gruta

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    terça-feira, junho 15, 2010

    Não houve bússola que desse jeito

    Não fiz parte do grande grupo que acompanhou "Lost" semanalmente, vendo os episódios assim que eles caíam na rede, poucas horas depois da exibição nos Estados Unidos e com legendas em português de qualidade bem ruim, com o tradicional desconhecimento de expressões idiomáticas ou até mesmo de vocabulário. Também não vi pela Globo ou TV a cabo, claro. Assisti às quatro primeiras temporadas em DVD e as duas finais em arquivos baixados, sendo que as quatro últimas vi de uma vez só. Portanto, fiquei distante das discussões e das expectativas dos fãs da série. E isso provavelmente me fez desgostar menos dos rumos que ela tomou, quando obviamente a história contada pelos produtores de que o final já estava definido desde antes do início da produção acabou não se realizando.

    O que já estava claro para mim e se confirmou é que, a partir da segunda temporada, a história entra nos eixos de vez e segue sem grandes sobressaltos, apenas embaralhando bastante o fluxo de presente/passado. Com isso, o brilho maior ficou restrito à primeira temporada, quando somos lentamente apresentados àquelas personagens iniciais que caem na ilha. Quando as respostas a todos (ou a quase todos) os mistérios vão sendo reveladas e muitas dessas personagens são tiradas de cena, o interesse naturalmente decai, o que não quer dizer que o mesmo tenha ocorrido com a qualidade do show _ pelo contrário, "Lost" é um raro exemplo de série que acabou na hora em que deveria acabar e não foi artificialmente alongada só porque estava fazendo sucesso.

    Entretanto, ela sofre com a necessidade de atirar em várias direções: de agradar a nerds (com a personagem de Jorge Garcia citando "Star Wars" e "Back to the Future" a torto e a direito), menininhas-que-veem-novela (com vários casais sofrendo com a distância, como Rose e Bernard, Desmond Penny e os coreanos, e um triângulo meio bobão entre Kate, Jack e Sawyer que acaba virando um quadrado com a entrada de Juliet), machões (com tantos sopapos e tiroteios e mortes às pencas de coadjuvantes quanto um filme de Bud Spencer e Terence Hill) e pessoas que se atraem por esoterismos diversos (neste ponto a série até que começou de maneira interessante, em especial com o John Locke de Terry o'Quinn, mas a personagem infelizmente acaba perdendo o rumo ainda na segunda temporada). Outro problema da série é que ela insiste em investir nas pegadinhas com seu público, pois nada pode ser o que parece _ o resultado disso é que ela se torna previsível, porque quando os roteiristas se esforçam para que acreditemos que algo aconteceu de um jeito, imediatamente intuímos que foi de outro, o que tira muito da força dos episódios.

    Apesar dos pesares, o todo de "Lost" é bem escrito, há algumas personagens realmente boas e o escopo da produção impressiona. Não deixa de ser um marco da televisão, embora no fim das contas não tenha atingido o nível de brilhantismo visto em séries menos ("Six Feet Under") ou mais ("The Wire") ambiciosas. Ah, eu ainda preciso ver "The Sopranos"...

    3 comentários:

    Ailton Monteiro disse...

    Foi uma mega maratona, o que vc fez com LOST, hein! Eu fui desgostando um pouco da série só a partir da quinta temporada. Até a quarta, eu estava segurando o pique legal e gostando até dos episódios ruins. Deve ser bem diferente ver assim, de uma só vez.

    Marcelo V. disse...

    Só tenho visto séries de uma vez. Sempre espero a temporada acabar para começá-la. Fica difícil me organizar para ver uma vez por semana, assim que o episódio passa nos EUA.

    Ailton Monteiro disse...

    Desse jeito é mais organizado mesmo. Eu é que sou bagunçado pra caramba. Só vejo um episódio atrás do outro da mesma série se for mesmo um troço viciante. Caso recentemente da terceira de HOUSE.

    Na platéia