"Avatar" não inaugurou a nova década ("Lula" também não)
Começou o ano novo e parece que pintaram por aí listas de "melhores da década", quando ainda falta um ano para a década acabar. O erro vem de mera ignorância ou de preguiça de pensar? É evidente que as décadas se contam do ano 1 ao 10 e não do 10 ao 9 (duh!). Que se chame o período de 2000 a 2009 de "anos 2000" ou "2000s", como se faz em inglês, mas deixem a expressão "nova década" para 2011. Sem essa de adotar o errado porque o certo é desconfortável _ esse tipo de atitude está na raiz de muitas de nossas mazelas.***
"Avatar" marcou minha primeira experiência com o Imax e o 3D _ o início tardio, tornado ainda mais claro pelo simpático homem gordo que sentou do meu lado e puxou conversa relatando suas idas anteriores ao Unibanco Bourbon, deve-se aos mesmos motivos que tornaram raras minhas idas ao cinema: filmes pouco estimulantes, indisposição para voltar a frequentar cabines sem ser pago para isso e ingresso caríssimo _ pelo menos não houve episódios de grosseria por parte da plateia, que curtiu o filme num silêncio que não sei se foi motivado por respeito ou por um certo tédio. Foi também a primeira vez que não consegui comprar o ingresso para o dia que eu queria (era 25 de dezembro) e que tive de ficar cerca de uma hora na fila, lenta pelo modelo de compra de teatro, onde se escolhe os assentos. Curioso que no teatro nunca demora muito, mesmo quando há fila.
O impacto com a nova tecnologia veio já nos trailers: de cara eu me lembrei dos livrinhos infantis que criavam essa ilusão de profundidade; depois, já no início do filme de James Cameron, fiquei um pouco desnorteado com o excesso de informação dos planos em que a profundidade de campo era grande e que faziam com que meus olhos varressem freneticamente a tela, com sede de absorver tudo em tempo exíguo. Também achei estranho o formato mais quadrado da janela (a tela é curva, como nos antigos cinemas 180°) e fico curioso para saber se isso é exclusividade do 3D ou mesmo do IMAX. E a sessão também serviu para mostrar que o 3D comporta perfeita e confortavelmente as legendas, que ocupavam posições diferentes na tela de acordo com o plano. Se as distribuidoras continuarem a dar esta opção a seus clientes mais exigentes, pretendo voltar para ver a adaptação de Lewis Carroll por Tim Burton, cujo trailer me chamou muito a atenção, mas vinha com uma dublagem porquíssima.
Mais dois detalhes: saí sim da sessão, mais longa que a média, com dor de cabeça. Não sei se é falta de costume, se é algo que varia de pessoa para pessoa ou de sala para sala. Isso me faz ficar um pouco cético em relação à TV em 3D - alguém aguentaria assisti-la por muito tempo (pelo menos isso não ocorreria com os filmes pornôs, wink, wink)? Acho que a novidade seria mais interessante no videogame, mas aí temo que a dor de cabeça se transforme em enxaqueca. O outro é que os óculos são extremamente desconfortáveis se usados da forma habitual, com as pernas sobre as orelhas. Lá pelo meio do filme, depois de brigar bastante com ele, descobri que o conforto aumenta e a imagem melhora se você incliná-lo 45°.
Sobre o filme em si, bem menos a registrar: espetáculo visual ambicioso, embora nada de tão espetacular assim, se você pensar em "O Senhor dos Anéis" e outros blockbusters relativamente recentes que usam o CGI e a captura de movimentos. O enredo é pouco sutil (tudo é mastigadinho e os vilões são o cúmulo do estereótipo, como o representante do capitalismo selvagem e seu peão militar truculento) e remete a uma porção de filmes na qual o "nosso" representante (ou seja, o ocidental não índio) se bandeia para o lado do "selvagem" ("Dança com Lobos", "O Último Samurai" e até a obra-prima de Fuller, "Renegando meu Sangue", foram lembrados por colegas ao falar do retorno de Cameron à ficção). Em relação ao elenco, quem se destaca é Stephen Lang, que neste ano já tinha arrebentado em "Inimigos Públicos". "Revolução do cinema" ou algo do tipo? Exagero que me parece coisa de marqueteiro.
E vale a pena ler este texto de Inácio Araújo sobre o filme _ mas não percam tempo com os comentários. Aliás, o que aconteceu com os comentários em blogs? É verdade que idiotas sempre existiram, mas ultimamente o nível está caindo a níveis abissais...
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Entre os poucos filmes recentes que vi - curiosamente no dia de Natal - está "Feliz Natal", de Selton Mello. Seu longa de estreia vai muito bem pela primeira hora, quando toda a família está reunida. Depois eles se separam e começa uma série de narrativas paralelas que tiram muito da força e do foco. No final das contas, acaba sendo um pouco genérico, na seara de filmes contemporâneos que aparentemente sofrem do que já foi chamado de "martelização" (ou seja, influência evidente e um tanto repressora da Lucrecia Martel). Mas gostei da câmera de Lula Carvalho. E o elenco todo está excelente (com destaques óbvios para Darlene Glória e Lúcio Mauro, além do menino Fabrício Reis, um achado), apesar do excesso de chororô. E o plano da nudez de Graziela Moretto que o Pedro Cardoso transformou em um dos espetáculos mais patéticos da década (uma cena pública de ciúme das feias) tem nível de erotismo de zero Kelvin.
Também senti que "Mutum", de Sandra Kogut (de "Passaporte Húngaro"), sofre de problema parecido. Parece existir o desejo de distância, talvez uma busca excessiva pela sutileza (um mal de grande parte da arte contemporânea, assim como o excesso de naturalismo), inclusive com muitas elipses que causam certa desorientação, que tira parte da força do filme. Mas "É Proibido Fumar", o segundo longa da Anna Muylaert, foge desse esquema. Só que também ousa menos que seu antecessor, "Durval Discos", que, apesar de muito irregular, era melhor. Mas gosto muito da sua "paulistanidade" _isso vindo de alguém que demorou muitos e muitos anos para se sentir em casa na duríssima capital paulista_ e também do fato de a cineasta colocar familiares e amigos e muitas caras conhecidas em papéis pequenos, o que passa um calor que ajuda a deixar o simpático projeto ainda mais simpático.
Além da fronteira, em Cassandra's Dream (2007), Allen volta ao tema do crime e do castigo. Colin Farrel fica com o peso da culpa e Ewan McGregor (o maior destaque, de volta ao seu natural sotaque britânico), com a frieza racional da necessidade _ em um plano fechado particularmente assustador. Mas o filme não tem a riqueza visual de "Match Point" (que já não é dos meus preferidos) e não supera "Crimes e Pecados" _ mas sei que esta é uma posição polêmica, talvez sem durabilidade. Entretanto há umas sutilezas maravilhosas, como um segundo extremamente incômodo quando a personagem de McGregor está falando da atriz pela qual se apaixonou e de repente entra a garçonete do restaurante de seu pai que ele estava comendo... A opção é pela clareza e por uma simplicidade nem sempre fácil de atingir (o que me lembrou Chabrol, autor nunca associado a Allen, até onde sei) e a trilha sonora original (uma rarirade no caso do diretor) de Philip Glass não atrapalha.
E que filme patético é o "The Spirit" de Frank Miller. Mesmo com o artista longe de seu meio e de seus melhores dias, era difícil de imaginar que ele faria uma presepada tão ridícula com a obra mais popular de Will Eisner. Quando ele tenta ser engraçado, causa perplexidade, e quanto tenta ser sério, causa tédio. O tom é todo errado, todas as personagens perderam o charme, nenhum ator está bem e o excesso de clichês impede que se entre no clima. Mesmo as referências a autores de quadrinhos já parecem frutos de cansaço e de vazio...
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Voltando à minha peregrinação cronológica, atualmente no final dos anos 60, eis um caso bastante curioso: se me descrevessem "DIARIES Notes and Sketches also known as Walden" (1969), de Jonas Mekas, eu provavelmente teria pouco interesse em vê-lo, mesmo com a porção de presenças ilustres (de Stan Brakhage a registros da primeira apresentação do Velvet Underground e do famoso bed-in de John e Yoko) que aparecem. Entretanto, passeei com um gosto imenso pelas quase três horas (divididas em seis "rolos") de "filmes caseiros" do diretor _ que dão destaque a muitos casamentos e marcam bem as quatro estações do ano. A coisa toda passa um amor tão grande pelo cinema que é uma grande injeção de ânimo. Já é bem mais difícil dizer o mesmo de "<--->" (também chamado de "Back and Forth"), mais um exercício de paciência (e também de capacidade de imersão) de Michael Snow. Em uma sala de aula, uma câmera aparentemente está fixada a uma máquinaque a faz primeiro dizer "não" em velocidade crescente, para depois de muito tempo fazê-la dizer "sim" em velocidade decrescente. Às vezes a composição da imagem se torna interessante, quando, por exemplo, o travelling lateral está na mesma velocidade de uma moça passando lá fora...
Entre os filmes chamados de "quadrados" por críticos de meia tigela, a Guerra Fria se faz sentir em muitos deles. É o caso de "The Bed Sitting Room" (1969), com Richard Lester adaptando uma peça de Spike Milligan (que atua com seu parceiro de "Goon Show" Harry Secombe, além de Dudley Moore e Marty Feldman, em sua estreia no cinema), de "Ice", no qual Robert Kramer tenta fazer um filme "revolucionário" que resulta um tanto ingênuo na sua renúncia ao drama, e no divertidíssimo"Mr. Freedom", de William Klein, que está longe de ser um mero filme antiamericano e que infelizmente continua atual, já que o Obama já mostrou que não veio para mudar muita coisa. No elenco deste último, figuras como Donald Pleasance (Dr. Freedom), Philippe Noiret (Homem-Mujique), Yves Montand (Capitaine Formidable), Serge Gainsbourg (Monsieur Drugstore) e Delphine Seyrig (Marie Madeleine). Curiosamente não é o que se vê em "Memorias del Subdesarrollo", que traz influência mais da nouvelle vague que do neorrealismo (apesar de um final abrupto a la Antonioni) e que cai muito quando Tomás Gutiérrez Alea entra naquela onda que o Walter Salles adora, a de inserir trechos documentais na ficção. Também infelizmente atual é "Katzelmacher", que aqui noBrasil ganhou o título ridículo de "O Machão". Um dos primeiros filmes de Fassbinder, não lembra em nada teatro filmado, embora seja uma versão de uma peça do diretor. De baixíssimo orçamento e feito em poucos dias, tem um clima de produção "B" americana e também Godard. O diretor passa quase metade do filme introduzindo uma porção de personagens sem que exista um fio narrativo, até que finalmente entra em cena o personagem estrangeiro (interpretado pelo próprio Fassbinder) que introduz o tema da xenofobia.
Ainda nessa postura combativa, impossível não destacar "La Voie Lactée", chamado por aqui de "O Estranho Caminho de Santiago", um filme para quem conhece bem a Bíblia. Buñuel, que "odiava a Igreja Católica como só um verdadeiro cristão poderia fazer" (quem foi mesmo que disse essa frase? Welles?), coloca uma série de questionamentos aos dogmas, às vezes de maneira engraçada (a cena em que Jesus vai se barbear é demais), às vezes com uma violência pueril e deliciosa típica de um espírito adolescente (o sonho com o fuzilamento do papa, o rosário como alvo de caça). E falando em adolescente, revi "If...." (é assim mesmo, com quatro pontos), a estreia de Malcolm McDowell no cinema, ao qual havia assistido nas velhas madrugadas da Globo quando garoto e que hoje me soa mais como uma comédia até pouco sutil, mas bem escrita e feliz ao capturar o zeitgeist.
E também "Candy", segundo e último filme do ator Christian Marquand como diretor. Filmado em Roma, me lembrou o "Cândido" de Voltaire, felizmente substituído por uma loira linda (a sueca Ewa Aulin, que teve um resto de carreira curta na Itália, aqui menor de idade e peladinha, numa época em que isso não era delito _ ou já era?), objeto de desejo de uma porção de homens que natural e saudavelmente querem se aproveitar de seu corpinho. Entre esses estão Marlon Brando (um guru hindu), Richard Burton (um poeta bêbado), James Coburn (um cirurgião), Ringo Starr (um jardineiro mexicano com, pasmem, uma cena de sexo), e John Astin (um desses coadjuvantes que sempre conhecemos de rosto e nunca de nome _ cujo papel mais famoso é provavelmente o Gomez de "A Família Addams") como o pai e o tio gêmeos da protagonista. Também temos Walther Matthau, Charles Aznavour, John Huston e mais uma porção de gente (entre as moças, Elsa Martinelli e Florinda Bolkan). E nem é a canção-tema dos Byrds que o marca como um produto que só poderia ter saído em 1968. Entretanto, "Bonnie and Clyde", produção de Warren Beatty que a princípio seria dirigida por François Truffaut e estrelada por Bob Dylan, consegue ser muito mais erótico que o exploitation-da-era-psicodélica deMarquand, e tudo graças a Faye Dunaway, que está perfeita. O plano nada sutil da mão dela pegando no cano do revólver do futuro amante resume tudo belissimamente.
Passei também por dois westerns atípicos. A Time for Dying (1969) traz Budd Boetticher em claro fim de carreira: é seu último western, assim como do herói-de-guerra-tornado-ator Audie Murphy (também produtor), em uma ponta como Jesse James. A produção é de baixo orçamento, com elenco desconhecido e uma trilha sonora diferente de tudo que já ouvi em um filme do gênero. É bem desigual, mas é ajudado por uma das personagens mais ricas desse universo, o juiz Roy Bean (em sua versão mais "pobre", com dentadura e tudo), e por um showdown final impressionante. O outro também tem um título carregado de morbidez: é "Death of a Gunfighter" (1969), creditado a Allen Smithee (depois renomeado como Alan Smithee), um apelido usado nos filmes em que, por qualquer motivo, os diretores não queriam assinar. Este aqui começou a ser dirigido por Robert Totten (que fez mais TV), substituído pelo muito mais famoso Don Siegel por influência da estrela, Richard Widmark. O filme é bom, mas Siegel não quis assinar porque não tinha feito tudo. Trata-se de um western bem pesaroso e questionador, no espírito de sua época. Chama a atenção a cena em que a personagem de Michael McGreevey conversa com o protagonista sobre sexo _tudo culpa da gatinha Darleen Carr! Por outro lado, um filme que também retrata o fim do século XIX, mas de forma ingênua demais, é "Hello, Dolly!", que ficou a cargo de Gene Kelly, numa tentativa de reviver o sucesso de "The Sound of Music". Taí um filme que não tem nada a ver com o seu tempo...
Em outra praia estão dois filmes japoneses de terror. "Kaidan hebi-onna" (algo como "A Maldição do Fantasma da Mulher-Serpente"), de Nobuo Nakagawa, é um exemplo de filme comercial de qualidade: não pretende ser original ou vanguardista, mas ainda assim é muito inventivo. Mas a coisa fica muito melhor quando Kaneto Shindô pega a direção para nos entregar "Gato Preto", outra história de fantasmas vingativos, mas com uma sofisticação visual muito maior e uma montagem melhor. É também um primor de suspense: apesar de o enredo ser muito óbvio, o filme não nos larga nunca. Não posso dizero mesmo de "Succubus", versão americana e cortada de "Necronomicon - Geträumte Sünden", de Jesus Franco, apesar da maravilhosa sequência das manequins.
Ainda no Japão, em "Shonen" (1969), de Nagisa Ôshima, vemos uma mulher, acompanhada de uma criança, tentando se jogar contra um carro em movimento. Como se não fosse perturbador o suficiente, ela tenta de novo. Depois fica claro que ela não tem tendências suicidas, mas é uma vigarista que faz isso para extorquir dinheiro dos motoristas assustados. Não demora muito, o menino começa a participar da farsa. O mais curioso de tudo é que o filme, tido como um dos mais lineares de Ôshima (mas o "Merry Christmas Mr. Lawrence" também é linear...), é baseado em eventos reais. Mesmo assim, o diretor não se limita ao naturalismo.
Aqui no Brasil, fui de Rogério Sganzerla. Estou com "Blá, Blá, Blá" em DVD lá em casa há mais de dois anos e ainda não vi (porque só vejo DVDs quando viajo), mas o compartilhamento me deu de presente "O Bandido da Luz Vermelha" (1968) e "A Mulher de Todos" (1969). O primeiro me lembra o que Glauber havia feito em "Terra em Transe", por isso me parece bobagem esses rótulos meio bobos de Cinema Novo e Cinema Marginal. É pela saturação de imagens e sons, ajudado imensamente por uma montagem brilhante de Sylvio Renoldi e pelo elenco perfeito (com destaque óbvio para o Paulo Villaça) que o filme encanta. É desafiador, mas nunca enfadonho. É triste e é engraçado, assim como o filme estrelado por Helena Ignez, perfeita (e um Jô Soares provavelmente em seu melhor papel?). Nesse mundo em que há gente (no caso, um artista até que respeitadinho) com coragem de dizer que Proust é "meio chatinho", é importante destacar que esses fimes de Sganzerla são extremamente divertidos. Outra coisa: nesse mundo em que há gente (no caso, críticos de cinema e jurados de festivais) que diz que determinado fime é "literário" só porque contém diálogos, é importante destacar que esses fimes de Sganzerla, apesar de todo o resto, têm como destaque absoluto o texto. As frases que saem da boca dos atores estão entre as melhores que já ouvi em filmes, sem dúvida.
E ao falar em diálogo, não podemos nos esquecer de Eric Rohmer, que nos deixou na flor da idade, aos 89 anos (ele era uns dias mais novo que meu avô, que está firme e forte). Curiosamente, tinha planejado ver "Six Contes Moraux III: Ma Nuit Chez Maud" um dia antes da partida do diretor e uma reunião com o Vebis mudou meus planos. Ficou como homenagem em parte involuntária, já que tudo fazia parte de um plano prévio. Dentre os filmes de Rohmer que vi (menos do que gostaria, mas isso vai mudar), este me parece o mais pessoal: é um embate entre fé e razão (e a natureza), permeado pela moral, como já adianta o título da série. Françoise Fabian, viúva do grande e Jacques Becker trabalhando até hoje, quase aos 80 anos, está linda.
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No momento em que escrevo este parágrafo, em 6 de janeiro (olhem a data de publicação e vejam só o lapso de tempo), está prestes a começar, graças a um convite do Carlos Reichenbach, a exibição do meu curta "A Volta do Regresso" no Cinesesc, em uma noite chuvosa que também marca o 37º aniversário do casamento dos meus queridos pais. Espero que quem for goste minimamente do filme, embora eu mesmo nunca tenha ficado perto de me satisfazer com ele, apesar do orgulho de tê-lo realizado na companhia de tantas pessoas talentosas.
Um dia depois, volto para registrar o que me disseram: sessão com bom público (umas 200 pessoas _ claro que em torno de 1% disso foi lá para ver o meu curta; a atração principal era um longa de Fernando Di Leo que será comentado aqui oportunamente), com relatos de risadas e aplausos. Agradeço ao Carlão pelo convite que muito me honrou e aos colegas que generosamente comentaram, como Alê Marucci, Marcelo Carrard e Leandro Caraça, entre outros.
Agora é dia 19, aniversário do meu irmão do meio, e lembro do fortuito encontro com o Comodoro e sua senhora há dois dias, há poucos passos de casa (somos quase vizinhos e não é a primeira vez que nos trombamos). Ele brincou comigo, dizendo que eu fugi da sessão, hehehe. Claro que não fui por estar na senzala, da qual estou para me livrar por uns tempos, como narro a seguir.
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Em poucos dias, saio de férias e vou passar três semanas estudando em Paris. No dia em que chego à França, "Eraserhead"está programado para passar na Cinémathèque Française, além de vários filmes de Gordon Douglas, que ganha mostra. Se eu fui ou não, entre outras aventuras no inverno rigoroso (para nossos padrões) da Cidade Luz, você fica sabendo no próximo texto ou então me seguindo no Twitter. À bientôt !
P.S. Para quem se liga nessas coisas, este foi o post de nº 250 deste blog.
11 comentários:
Essa discussão sobre décadas já rola há décadas. heheh. Eu, particularmente, não me incomodo em imaginar a década de 90, como sendo de 1990 a 1999, por exemplo, mesmo sabendo que é historicamente errado, pois não houve ano zero etc. Mas aí vai a critério de quem quer usar. E se o jornalismo cultural já funciona assim há tempos, so be it.
Você soube daquele caso do homem que morreu assistindo AVATAR? Realmente o filme é de morte. hehehe. Eu também sou cético na chegada pra valer do 3D, digo, substituindo o 2D. Por mim, na verdade, isso nunca aconteceria. Mas como eu sou resistente a mudanças, deixa quieto. E só agora eu li o texto do Inácio, que é realmente muito bom! O melhor que eu li sobre o filme até agora.
1. Boa utilização do termo "martelização". heheh
2. O SONHO DE CASSANDRA, se eu não me engano, foi várias vezes comparado a Chabrol.
3. Fiquei curioso para ver uma foto atual de Françoise Fabian.
Ah, e boa viagem! Quem sabe um dia eu tenha a chance de conhecer Paris também! Legal se rolasse um diário de viagem ou algo do tipo.
Valeu, Ailton!
Eu vou espernear para sempre contra essa mania de empregar erradamente a palavra "década". Não faz sentido a primeira década da história ter apenas 9 anos... Coisa de virginiano perfeccionista.
Soube do caso do morto, sim. Ele teve hemorragia cerebral durante o filme. Lembraram também aquele episódio de Pokémon que fez umas 2,5 mil pessoas no Japão terem ataques epiléticos... Daqui a pouco o Obama chama o Cameron para desenvolver uma arma audiovisual para matar o Osama.
A "martelização" é um mal do novo milênio, hehehe. Outro seria, aqui no Brasil, a "globalização", ou seja, filmes que se parecem com novelas da Globo?
Eu não li ninguém associando Chabrol ao filme do Allen ou vice-versa. Legal saber que não estou sozinho nessa impressão. Mas também nunca li o Allen citando o Chabrol como influência. Aliás, não lembro dele falando muito de cinema francês, apesar de falar muito da França. Mas ele tem dessas coisas: lembro que um repórter brasileiro uma vez perguntou se ele poderia citar um ídolo do nosso futebol e ele preferiu citar Machado de Assis (grande Woody!).
Já eu prefiro me lembrar da Fabian como a Maud de Rohmer. Fico triste ao ver como nem todas as deusas envelhecem bem...
E não sei se terei muito tempo ou paciência para fazer um diário de viagem, mas pelo menos pretendo registrar uma impressão ou outra no Twitter, antes de dormir. Só espero que o frio não me impeça de passear bastante à noite (já que durante o dia todo estarei na universidade).
Eu achei MATCH POINT mais parecido com Chabrol do que SONHO DE CASSANDRA.
MUTUM é o melhor filme iraniano feito em terras tupiniquins. Uma pena que eu não suporte filmes iranianos.
Leandro, a adaptação mais inesquecível de "Campo Geral", para mim, passou no saudoso "Bom Dia Brasil". Já era o Lima Duarte apresentando, e ele lia o texto de Rosa enquanto eram mostradas imagens do campo (que ganhavam uma força tremenda a partir do ponto que Miguilim colocava os óculos do doutor pela primeira vez). Muito mais simples, curto e eficiente.
Olá Marcelo! Vi que você comentou no meu blog e estou retribuindo o comentário.
Pela minha experiência cinco dias é mais do que o suficiente para conhecer Paris. Lembre-se que no primeiro domingo do mês todas as atrações são de graça, então aproveite esse dia para fazer os passeios mais caros.
O inverno é tão lindo quanto o verão (apenas mais frio) e a maior parte das atrações são em lugares cobertos.
A única coisa que eu acho que você não pode perder de jeito nenhum é Montmartre.
Outra coisa essencial para um cinéfilo é a Cinemathéque que já vi que irá visitar. O museu é INCRÍVEL e foi uma das melhores experiências da minha vida. Se você nunca viu um Oscar de verdade prepare-se, pois lá reside o prêmio dado a Henri Langlois. Tirei algumas fotos (antes de barrarem minha câmera) e postarei hoje numa matéria sobre a Cinemathéque Française. Boa viagem!
Obrigado pelas dicas, Angel. Vou tentar bater o máximo de perna que eu conseguir por lá, mas é muita coisa para ver em pouco tempo... E cada vez que leio sobre a cidade, a lista de lugares a visitar aumenta.
Por falar em adaptação de Guimarães, saiu em DVD Grande Sertão: Veredas - a minissérie. Não vi, porque na época que passou na TV eu ainda não tinha vida. Sem contar que aquela adaptação tenebrosa para o cinema. Mutum foi uma tentativa apaixonada, se nunca tivesse conhecido Campo Geral nas letras, acharia superior.
E até cansei da famosa adaptação de Crime e Castigo que o Allen anda empregando, acho que já citei por aqui que Match Point falha onde Crimes e Pecados ganha muita força (esse por desenvolver a história a partir da decisão do assassinato, enquanto o filme da loirinha Scarlett desenrola até lá).
Spirit vem dessa mania terrivel de copiar o visual e deixar os personagens cada vez mais artificais e sem graça. O mesmo aconteceu com Watchmen: de que adianta um visual completamente fiel se ele deixa a história vazia? Os personagens parecem realmente super heróis, coisa que não são nos quadrinhos.
Infelizmente não pude ver A Volta do Regresso, to devendo, mas o tempo ficou cada vez mais curto.
E boa viagem, apesar de pelo Twitter já indicar que sua volta está próxima.
Pips, muito boa sua observação sobre o visual de filmes derivados das HQs de heróis. Sempre achei que falta sujeira nesses filmes, fica sempre parecendo desfile de escola de samba.
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