X-Men 2 / Matrix Reloaded / Hulk
Quiero llorar mi pena y te lo digo para que tú me quieras y me llores en un anochecer de ruiseñores, con un puñal, con besos y contigo.Eu sou bastante exigente quando vou ao cinema: faço questão absoluta de freqüentar boas salas e de me sentar em um bom lugar, ou seja, no meio. Nunca, em hipótese alguma (salvo lotação extrema, o que é muito raro), eu me sento nas laterais, por causa do som. Se você se senta nos lados, você só ouve meio filme; prefiro me sentar numa fileira bem na frente (também detesto sentar muito atrás, para não diminuir a sensação da tela grande _sou meticuloso a ponto de calcular a abrangência ocular, entre outras manias_, assim como não gosto de ficar em um nível extremamente acima do meio da tela), mas ficar no centro da mesma. E, para quem se interessa por zodíaco, sim, eu também sou virginiano, e daí?
Estou dizendo isso por um simples motivo: a melhor coisa de "X-Men 2" é o som. É sério. Não perceberam? Um cuidado incrível com os nossos queridos tímpanos e trompas de Eustáquio. Obrigado, Bryan Singer e equipe.
O primeiro "X-Men" foi legal, não? Um dos gibis mais populares de super-heróis (não um dos meus preferidos _eu sempre fui mais o Batman, que hoje acho ridículo) ganhou adaptação decente para a tela grande _bem melhor do que o infame desenho animado que passava na Xuxa (era Xuxa? Não sei). Um elenco muito bom, em geral _em especial, Ian McKellen como Magneto (não dá a impressão de que ele está se divertindo horrores?) e Hugh Jackman como Wolverine foram agradabilíssimas surpresas. Mas o longa de estréia da série (teremos uma trilogia?) tem alguns probleminhas, causados pela necessidade de apresentar os personagens não apenas para seus ardorosos fanboys, mas para gente que não fazia idéia do que era um mutuna: o exagerado, mas totalmente compreensível, foco em Wolverine prejudicou a obra, especialmente por causa da rixinha besta entre o velho Logan e o Cíclope, além da subestimação absurda do Dentes de Sabre, uma figura interessantíssima nos comics. Ainda assim, uma grande adaptação, um filme importante para o filão "HQ nos cinemas".
O segundo filme é naturalmente superior por se dedicar muito mais ao seu enredo (muitíssimo bem amarrado, por sinal; é uma perfeita continuação do primeiro, não há muitos pontos sem nós), em grande parte embasado na origem de Wolverine (mais uma vez, o Jackman está espetacular, dando ao personagem um senso de humor altamente irônico que nem sempre é transmitido pelo gibi _o cara também é mais bonito do que o Wolvie dos quadrinhos, deliciando as moçoilas e as bibas), mas também por insinuar a transformação da Jean Grey na poderosíssima Fênix (mais uma vez: tomara que role o terceiro filme; o final deste não deixa muita escolha), além de apresentar outros mutantes importantes, como o Noturno (sensacional caracterização de Alan Cumming _aliás, o prólogo, no qual ele invade a Casa Branca, é a melhor parte, fácil, fácil), o Colossus e o grande Hank McCoy, que aparece por um segundinho (sério candidato a se juntar à trupe no terceiro filme, não?). Ah, e a pergunta fundamental: e a Mística, hein? Mais uma vez, mais uma vez: e a Mística, hein? Rebecca Romijn-Stamos, você merece.
Ainda no ramo das continuações, "Matrix Reloaded". Começando do princípio: eu passei totalmente ao largo do fenômeno "Matrix" (por que não traduziram? Que saco!). Não vi o primeiro filme nos cinemas. Não aluguei em vídeo. Não havia lido praticamente nada a respeito, a não ser elogios vaguíssimos e dignos de desconfiança, como "o filme dos irmãos Wachowski (saúde!) revolucionou a ficção científica". Sejamos francos: revolucionou nada! "Blade Runner" é um trilhão de vezes mais revolucionário, só para ficar em um exemplo.
Então, só fui assistir ao primeiro filme da trilogia (trilogia mesmo? Ou os irmãos Atchim vão dar uma de George Lucas?) poucos dias antes de o "Reloaded" estrear, porque o canal a cabo TNT o exibiu (eu havia me recusado a vê-lo no SBT). Não fiquei muito impressionado (provavelmente, se o tivesse visto num cinema, em 1999, a recepção teria sido melhor). Aliás, fiquei bastante decepcionado, em especial, nos trechos que se passam no suposto mundo real _a cenografia é pobre, lembra um sub-"Alien". Mas as famosas seqüências repletas de efeitos visuais, satirizadas à exaustão, são legais e merecem todo o frisson que causaram.
No "Reloaded", a coisa não muda muito de figura, neste aspecto. A melhor coisa do filme, em termos de imagem, é a briga do Neo com os múltiplos Agentes Silva. Aquela cena é um triunfo cinematográfico. Aliás, o Agente Smith (o ator nigeriano Hugo Weaving já havia entrado para a história como a drag-leader do pequeno grande filme "Priscilla, a Rainha do Deserto") é o personagem mais legal da série. O trio Neo-Trinity-Morpheus não vale uma perna do óculos de sol do figura. Agent Smith rules! O único personagem que chega perto, em termos de carisma, é o Oráculo (interpretado pela boa atriz Gloria Foster, infelizmente morta em 2001).
Mas eu preciso dizer que assistir a "Reloaded" foi uma espécie de tortura. O filme me deu um mal-estar tremendo, coisa que raramente acontece. E tal mal-estar não se deve a uma opinião negativa a respeito da obra (na verdade, gostei mais deste do que do primeiro, contrariando boa parte dos matrix-maníanos): eu simplesmente não via a hora de o filme acabar. Foi um suplício. Em especial naquela ceninha imbecil, nojenta e absolutamente desnecessária de kung-fu (que só perde para a asquerosa "cena de amor" entre Neo e Trinity, sub-"Nove Semanas e Meia de Amor" _talvez até tenha sido de propósito). Perda de tempo precioso, puras demonstrações de mau gosto.
Quanto à outra questão imprescindível na série, o conteúdo, não gostaria de me manifestar antes de ver a trilogia completa. Não sou afeito a conjecturas e nunca dedicaria o meu tempo a discutir os "aspectos filosóficos" em "Matrix" (uma imensa colagem paródica, um sem-número de referências). Acho que o mosaico montado pelos irmãos Espirro é muitíssimo inteligente, sim, e muita gente boa que conheço leva a obra a sério (em algum casos, exageradamente demais). Para mim, é mero entretenimento-pipoca, e eu prefiro discutir outros sexos dos anjos, bem mais pertinentes, do tipo "o que querem as mulheres"?. Ah, e a pergunta fundamental: e a Persephone, hein? Mais uma vez, mais uma vez: e a Persephone, hein? Monica Bellucci, você merece.
O outro filme que deveria ser sensação em 2003, "Hulk", nunca chegou a ofuscar os outros dois abordados neste texto. Perto das aguardadas seqüências de franquias milionárias, a história do maior palmeirense do universo conhecido era mesmo peixe pequeno.
Eu estava esperando uma bomba, tal qual "Demolidor" (o qual nem vi, mas acredito que seja um lixo). Mas o filme, dirigido pelo Ang Lee, tem dignidade, apesar de não ser nenhuma maravilha. Nenhuma atuação chega a ser irritantemente ruim (teve gente que achou o Nick Nolte _a quem vivo confundindo com o Jeff Bridges_ um horror, mas eu não me incomodei com a maluquice de seu David Banner _nome usado para o Hulk da série dos anos 70, que eu via sempre na finada "Sessão Aventura", que deu lugar a "Malhação" nos fins de tarde da Globo), e, ao contrário de muita gente, não me incomodei nem um pouco com a "falsidade" do abacatão, que ficou mesmo parecendo o Geléia de "Os Caça-Fantasmas". O "gigante esmeralda" (como as calças dele não rasgam?) ficou muito mais parecido com o dos quadrinhos (os quais nunca li com regularidade, por não ser personagem de minha predileção _aliás, eu sempre gostei mais do Hulk cinza e inteligente, meio gângster, bem mau-caráter, bem irônico), muito melhor do que a caracterização do (também Hércules) Lou Ferrigno (um sub-Schwarza), que aparece em uma ponta, como segurança, ao lado do grande Stan Lee. E as cenas de luta contra os tanques no deserto ficaram bem boas. Ah, e a pergunta fundamental: e a Betty Ross, hein? Mais uma vez, mais uma vez: e a Betty Ross, hein? Jennifer Connelly, você merece.
P. S. Morreu Walter Hugo Khouri, cineasta importantíssimo, dono de vasta e invulgar obra, que inclui obras-primas como "Noite Vazia". Vários de seus filmes têm como protagonista um personagem chamado Marcelo. Eu gosto.