A gruta é mais extensa do que a gruta

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    quinta-feira, janeiro 12, 2006

    Filmes vistos entre 01/01 e 10/01

    Última parte da relação dos filmes vistos durante as férias, num ritmo muito maior do que o normal. Daqui para a frente, a tendência é reduzir a quantidade... Será?

    Robots: Criticaram bastante este filme, mas ele acaba saindo muito melhor do que a encomenda. Apesar do roteiro previsível, as piadas são espertíssimas, e o design, mesmo não sendo exatamente inovador, não deixa de ser impressionante, pelo capricho. Melhor do que "A Era do Gelo".

    King Kong: Decepcionante, decepcionante... Após um prólogo incrivelmente animador, o filme só decola por poucos momentos, durante a briga do macacão com três tiranossauros. Peter Jackson já tinha feito seu "Guerra nas Estrelas", agora inventou de fazer seu "Indiana Jones" e quebrou a cara. O final é bobo, bobo. Irrita essa mania de subestimar o espectador...

    El Mismo Amor, la Misma Lluvia: Este filme que Juan José Campanella fez em 1999 e que traz os dois principais atores de seu posterior (e muito superior) "O Filho da Noiva" é de lascar. Não apenas é bobo, com roteiro repleto dos clichês mais sem-vergonha, como também é absolutamente deprimente. Perda de tempo!

    The Upside of Anger: É vendido como comédia, mas está muito mais para o melodrama; dizem que o final é surpreendente, mas só não é mais óbvio do que o de "A Vila". Ou seja, ou o filme é desonesto ou é equivocado _estou mais para a segunda opção. Pelo menos o elenco é bom e cheio de mulher bonita (mas faltou nudez, que pudor todo é esse? E ainda se diz um filme adulto...).

    Mindhunters: Renny Harlin é um finlandês que dirigiu um dos filmes mais execrados dos últimos tempos (além de um filme com o Freddie Kruger, um com o Stallone e o "Die Hard 2"), "Exorcist: The Beginning", o qual ainda não tive o desprazer de ver. Este é seu projeto imediatamente anterior, um whodunit bem clichezento que não acrescenta nada a coisa alguma, só ocupa tempo... Mas dá pra sacar que o cara é ruim mesmo quando ele filma a bunda do Christian Slater durante um tempão, enquanto a gostosa que está com ele no chuveiro só é vista do pescoço pra cima... Pff!

    Hotel Rwanda: Diferentemente de Spielby e seu "A Lista de Schindler", o diretor deste aqui se preocupou apenas em contar a história (que realmente precisava ser contada), e não na forma de contá-la. Parece um telefilme bem-intencionado. Don Cheadle está bom, mas isto não basta...

    Metoroporisu: Baseado num mangá do Walt Disney (ou Maurício de Souza, se quiserem sacanear) japonês, Ozamu Tezuka, com roteiro de Katsuhiro "Akira" Otomo e direção de Rintaro, "Metropolis" traz toda a clichezada desse universo (robôs versus humanos, um cientista maluco, um plano de dominação mundial, um amor impossível etc.), mas mesmo assim se sobressai. O uso da trilha sonora (muito jazz e um Ray Charles impressionantemente bem colocado) é o que há de melhor.

    Jui Kuen: Clássico filme de kung fu de Hong Kong lançado em 1978, internacionalmente conhecido como "Drunken Master", traz Jackie Chan (então Jacky Chan) fazendo sua popular injeção de humor físico no mundo da pancadaria. É também o segundo filme dirigido por Woo-ping Yuen (ou Yuen Wo Ping), que ganhou o mundo ao coreografar as lutas na trilogia "Matrix" e nos dois "Kill Bill" _ou seja, vale mesmo pelos (incontáveis e excessivos _o filme ganharia se fosse mais curto) duelos do aprendiz dos Oito Deuses Bêbados contra inimigos patéticos como o Cabeça de Ferro e o Rei do Bambu. História zero, ação dez.

    8 Mile: Mais um belo filme do Curtis Hanson, abrilhantado por Kim Basinger e pelo evidente talento do Eminem, talvez o maior e mais relevante popstar dos últimos tempos. Oscar de melhor canção merecido para ele, que surpreendeu como bom ator (e quem disser que ele não atua neste filme ou é bobo ou está mal-intencionado).

    Clean: Até onde me lembro, é o primeiro filme de Olivier Assayas que vejo. É simples, plácido, muito bonito. Nick Nolte rouba o filme. Maggie Cheung não precisava cantar.

    The Blair Witch Project: Simplesmente genial. Deixa qualquer coisa do Dogma no chinelo, no quesito do uso do vídeo. Corajoso, inteligente, ousado, inventivo, revolucionário, impressionante _ainda mais por ter feito muito sucesso. Estranhamente, parece ter sido precocemente esquecido, embora seja inevitavelmente um clássico. É provavelmente o filme mais importante dos anos 90. Escandaloso ele não ter entrado na lista da Liga...

    Stachka: O segundo filme de Eisenstein (seu primeiro longa, de 1924), além do óbvio engajamento na revolução leninista, já traz características básicas do diretor, como enquadramentos fantásticos e estabelecimento de metáforas por meio da montagem. Mas surpreende, principalmente, pelas altas doses de senso de humor e de ironia.

    Planet of the Apes: Nem dá para saber se, quando lançado, este filme era uma superprodução ou era "B" assumido (como parece ser o caso de todas as quatro seqüências _na última delas, ninguém menos que John Huston interpreta um dos macacões!). Ingênuo, pelo menos é bem-intencionado, pacifista, e tem um plano final realmente impactante, desses difíceis de esquecer. Mas ainda é pouco... Não lembro muito da versão do Burton, mas provavelmente é melhor.

    Finis Hominis: Mais um filme incrível, surpreendente e impressionante de José Mojica Marins. Aqui ele se liberta completamente de Zé do Caixão (o que ele não havia conseguido fazer por completo em "Ritual dos Sádicos") e de qualquer traço do cinema de horror, embora o sexo e a morte continuem a rondar praticamente todas as cenas, acrescidos de um senso de humor maravilhoso (recriando inclusive algumas passagens dos Evangelhos, como o apedrejamento de Madalena e a ressurreição de Lázaro) e excelente uso da trilha sonora (característica do cineasta _por sinal, qual a obsessão dele com "Tico-tico no Fubá"?). A cena em que ele joga dinheiro para os hippies faz Mojica merecer as comparações com Buñuel. Gênio!

    P. S. O melhor: "The Blair Witch Project"; o pior: "El Mismo Amor, la Misma Lluvia".

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