A gruta é mais extensa do que a gruta

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    sexta-feira, agosto 08, 2008

    Estou começando a escrever este texto em 08/08/08, dia da estréia de "Encarnação do Demônio", o aguardadíssimo filme de José Mojica Marins (eu precisava achar a transcrição da entrevista de quatro horas que fiz com ele em 1995, na qual ele me ensinou a como fazer uma mulher trepar com uma tartaruga, para reproduzi-la aqui). Li uma declaração sobre o filme (não lembro se do próprio Mojica; provavelmente é do roteirista e diretor-assistente Dennison Ramalho), falando que a modernização do gênero passa pela questão da desintegração do corpo, vista em filmes como "Saw" (que tentei ver duas vezes e não consegui, achei os primeiros dez minutos muito ruins), "O Albergue" (do qual gostei), filmes de Takashi Miike (que adoro _dos que vi, o único que não me entusiasmou foi o "Sukiaki"). Daí que há poucos dias aconteceu um assassinato grotesco em Goiânia, que vem excitando a morbidez do povo e fazendo lembrar do Crime da Mala, de Chico Picadinho etc. Bem, gente que mata e depois esquarteja o corpo da vítima para melhor se desfazer dele não é nenhuma novidade (quantas HQs de "Cripta do Terror" não foram feitas sobre o assunto?). O que me chama a atenção nesse caso é que o assassino fotografou o cadáver para mostrar aos amigos e parentes... Isso dá um pano pra manga gigantesco (até me lembrou de "Peeping Tom").

    ***

    Escrevo agora no final de 11/08, tendo visto ontem o filme do Mojica, num Cinemark do Shopping D (por onde entrei pelo elevador de carga) com uma poltrona que mais parecia um instrumento de tortura (pena que não deu para aceitar o convite à queima-roupa do Vebis, no sábado), após um bom tempo longe das salas de cinema. Apesar de ter gostado bastante de vários trechos, é impossível conter uma certa decepção. É perfeitamente compreensível o grande problema decorrente da trágica morte de Jece Valadão (a costura com a personagem de Adriano Stuart é bem-feita, mas o filme não deixa de ser prejudicado). Criticar o trabalho de Mojica como ator também me parece chover no molhado _curiosamente, ele perde ao não ser dublado (e não é uma questão de preconceito lingüístico). Mas o encadeamento do roteiro de uma forma geral acabou deixando muito a desejar e é especialmente problemático no que tange a longa busca de Zé do Caixão pela mulher-superior-que-vai-gerar-o-filho-perfeito. A inserção da personagem na metrópole moderna poderia ter sido melhor explorada _boas sugestões não faltaram, como os encontros com travestis, crianças cheirando cola, a polícia violenta, mas não são aprofundadas (outras soluções mais ousadas e criativas poderiam ter encontrado a tela). Algumas questões fantásticas (em mais de um sentido) são apresentadas mas nunca muito bem resolvidas, como as aparições fantasmagóricas das vítimas que Zé fez nos outros dois filmes (a primeira delas, num cemitério, é minha cena preferida). E, pelo que li na Folha, foi desperdiçado um flashback maravilhoso, que mostrava como Josefel Zanatas passou de herói de guerra a sádico (tudo por causa de uma mulher, é claro), que fazia grande justiça ao personagem. Mas obviamente o filme vale a pena, não apenas por dar continuidade a uma obra tão importante do cinema brasileiro (e do gênero terror, em todos os tempos), mas por trazer interpretações antológicas, ainda que curtas, do já citado Valadão (sua primeira cena é excelente), de Luís Melo, que abre o filme (pena que desaparece _provavelmente será o meu coadjuvante do ano), e de Helena Ignez, perfeita como a bruxa cega (que poderia ter saído de "Macbeth"). Também me agrada muito o uso de planos que mostram o interior dos corpos (como o do coração de Zé, o rato na vagina, as imagens do início). Mas o grande serviço que o filme presta (lembrando que estas são apenas primeiras impressões, pretendo revê-lo assim que possível e repensar tudo isso) é o de recuperação do Mojica e de Zé do Caixão: o uso de cenas de filmes anteriores são sem dúvida os momentos mais emocionantes (sou suspeito para falar, meu envolvimento emocional com a personagem é muito grande), e a retomada do final de "Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver" (meu preferido) é excelente. Resumindo, fico muito feliz que este filme tenha sido feito (e muito triste com os resultados preliminares da bilheteria), mas fica o gosto de que poderia ter sido muito, muito melhor _o que é uma constatação muitíssimo comum.

    Se o filme do Mojica me causava uma expectativa e uma ansiedade gigantescas, eu não esperava absolutamente nada de "O Cheiro do Ralo", de Heitor Dhalia _cujo filme anterior, "Nina", tinha um erro de concepção muito sério: o de nos querer fazer acreditar que uma personagem absolutamente ordinária fosse extraordinária (esqueçamos que é uma adaptação de "Crime e Castigo", isso é ridículo). E realmente não estava gostando do filme em seus primeiros minutos, com aqueles planos de conjunto que pareciam querer emular, sem conseguir, o Paul Thomas Anderson de "Punch-Drunk Love"; mas o filme acaba engrenando, graças à atuação de Selton Mello (acima de sua média, embora, por breves momentos, ceda aos cacoetes do ator), e às boas montagem e trilha sonora. Novamente, o roteiro deixa um pouco a desejar (um final pungente e catártico foi infelizmente desperdiçado _coisa semelhante acontece com "O Céu de Suely" e "O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias"; será que os diretores não sabem mais a hora de terminar seus filmes?), mas fiquei positivamente surpreendido por esta obra, que acertou ao deixar a pretensão desmedida do filme anterior de lado e criar algo que parece estar bem mais próximo do diretor. E já que estamos falando em Selton Mello, comecei a ver "Meu Nome Não É Johnny" (o adiantado da hora me fez interrompê-lo) e acho que os 70% do filme que vi até o momento (agora é dia 18/08) me permitem dizer que é muito fraco; o elenco é bom, alguns diálogos são engraçados, mas o resto...

    ***

    Falei da Índia no texto anterior e há pouco me deparei com outro cineasta de lá, Ritwik Ghatak (que morreu jovem, mas fez mais de 20 filmes). Já havia procurado por "Ajantrik", sem sucesso, mas encontrei "Meghe Dhaka Tara": um belo drama familiar, calcado na um tanto folhetinesca figura da mulher (interpretada pela birmanesa Supriya Choudhury) que se sacrifica pelo bem-estar da família. Se não fosse propenso à um maior derramamento emocional (nada muito chantagista), seria até comparável a Ozu (não na forma, claro). Toda a família é composta de tipos bem específicos, que juntos funcionam muito bem, e a música tem um papel muito importante (tanto que inicia e termina o filme). Também de lá, claro, é Satyajit Ray, de quem vi o "O Mundo de Apu", último episódio de sua trilogia e seu quinto filme. A história é simples e poderosa, mas o destaque é a decupagem: planos belíssimos _em especial aqueles em que ele fala da obra que está escrevendo e a que mostra o destino final da mesma. É também o filme de estréia de Soumitra Chatterjee, que interpreta o protagonista na idade adulta e acabou se tornando ator profissional: trabalhou em quase metade dos filmes de Ray e segue na ativa.

    Mas vamos direto para o melhor filme que vi no período: "Le Testament d'Orphée, ou Ne Me Demandez Pas Pourquoi!". É o último filme de Jean Cocteau, no qual ele depura seu estilo (visto em filmes como "Le Sang d'un Poète"), usando de uma série de trucagens simples, e se coloca na tela (junto a uma série de amigos ilustres) para criar cenas de grande beleza _e o que é mais difícil: ser poético sem ser afetado. Também da França, foram conferidos o recente "Le Scaphandre et le Papillon" (Julian Schnabel de novo com uma cinebiografia; é bem melhor do que seu filme anterior e menos deprimente do que pensei que seria; o primeiro ato lembra "Dark Passage", belo noir de Delmer Daves; ainda assim, acho que está sendo superestimado), "O Sol por Testemunha" (muito mais conciso do que "O Talentoso Ripley" _o que, neste caso, é um defeito: sinto especialmente falta de testemunhar uma ligação maior entre as personagens de Alain Delon e Maurice Ronet; o filme de Minghella inclusive resvalava no homoerotismo) e "Tangos, l'Exil de Gardel" (feito em Paris pelo argentino Fernando Solanas e visto no encerramento do 3º Festival Latino-Americano de São Paulo, com a presença do diretor; também menos deprimente do que pensava, é um belo musical _que me fez voltar a ouvur Piazzola_, cheio de humor e sem ficar preso ao naturalismo _além de algumas atrizes bonitinhas, o que sempre ajuda). E, apesar de não ser falado em francês, cabe colocar aqui também o "Bonjour Tristesse" de Preminger (um dos raros que ele dizia gostar), que, durante boa parte do tempo, parece estar envolto em uma névoa de inverossimilhança _o que é reforçado pelas transições entre o presente (em preto-e-branco) e o passado (em cores), além da narração da protagonista. O hedonismo exagerado é retratado como algo bem desagradável, e o choque de realidade que acontece ao final estremece o filme e dá ao mesmo uma força que até então ele não mostra _mas não o suficiente para levantá-lo.

    Também passeei pelas obras de alguns nomes clássicos, inclusive aqueles dois que morreram há pouco, Antonioni e Bergman. Do primeiro, fui de "L'Avventura", um romance muito mais linear do que esperava, com um grande cuidado em cada plano e uma Monica Vitti brilhante. Do sueco, toda aquela trupe de sempre (Max von Sydow, Ingrid Thulin, Gunnar Björnstrand, Bibi Andersson, Erland Josephson etc.) volta em "O Rosto", seu último filme nos anos 50; é mais uma história tragicômica e com toques de erotismo, e novamente a influência do teatro é bem evidente _talvez seu filme mais leve? Dois amigões da vizinhança não poderiam faltar: Fritz Lang, de volta ao idioma alemão, trouxe seu díptico "O Tigre de Bengala" e "Sepulcro Indiano", que têm cara de filme antigo _no sentido de cinema de espetáculo e também de um olhar típico de "colonizador sobre o colonizado", além da "cara" de estúdio, com efeitos especiais bem pouco convincentes; não à toa, têm seus melhores momentos quando o diálogo desaparece. O óbvio destaque é Debra Paget; nas duas cenas em que ela dança longamente em frente a uma peituda estátua de Shiva, fica claro que Lang sabia filmar mulher (lembra a também sensual dança em "Moonfleet", um filme bastante parecido com estes); o figurino da atriz também é escandaloso (no bom sentido) nessas cenas: a primeira traz um rubi de formato sugestivo em um local mais sugestivo ainda; na segunda, ela provavelmente inspirou gerações de rainhas de bateria do Carnaval com seu tapa-sexo, deixando a cobra louquinha (a canção do Jorge Mautner seria uma boa opção de trilha sonora). E Buñuel, notoriamente anticlerical, trouxe "Nazarín", feito no ultracatólico México. A história demora a decolar, mas os dois últimos terços do filme são sublimes. Francisco Rabal está ótimo como o padre que, por decidir seguir à risca os ensinamentos de Cristo, passa a ser desprezado por todos os outros que se dizem cristãos. Muito irônico, o filme também critica a postura pouco humana de seu protagonista, que tem como discípulas uma prostituta e uma quase-suicida romântica. Um dos momentos mais intensos é quando o padre se depara com um bandido, e este conclui: "Você é todo bom, e eu, todo mau. Ambos não valemos nada". A Bíblia e todo o seu imaginário são parodiados durante boa parte do tempo, e o final é simplesmente maravilhoso. Tenho a impressão de que exerceu influência sobre o cinema brasileiro. E falando nele, quem diria, vi "Rio Zona Norte", o segundo longa de Nelson Pereira dos Santos. Claro que seu protagonista, Espírito da Luz (Grande Otelo), rouba o filme (mesmo com Jece Valadão, Paulo Goulart e até mesmo Ângela Maria). Inevitavelmente datado (especialmente nas cenas mais melodramáticas e dialogadas), alterna vaivéns no tempo, planos com e sem som e documenta a periferia carioca. É muito interessante analisar este filme como um contraponto (nem tão "contra" assim) das chanchadas.

    Fechando com o o país de Hussein Obama, vamos logo para os dois westerns do período: "Man of the West", apesar da cor e do scope, é talvez o filmes mais feio (e também o mais violento e sujo) de Anthony Mann. Não consegui deixar de implicar com o fato de Gary Cooper ser meio velho para interpretar o herói e Lee J. Cobb, muito jovem para o vilão _Julie London está em idade satisfatória. Muito melhor é "The Bravados", um dos últimos filmes de Henry King. Distinto, traz Gregory Peck num papel à primeira vista pouco simpático _o de vingador, cujos propósitos vão sendo elucidados bem aos poucos, garantindo uma aura de mistério durante boa parte da obra. O filme cresce e ao final, deixa marcada sua moral. De Mann, também vi "O Pequeno Rincão de Deus", que mais uma vez traz Robert Ryan e Aldo Ray. Começa como comédia e muda bastante de tom lá pelo final. Chama muito a atenção o erotismo do filme (ajudado pela presença das beldades Tina Louise e Fay Spain _e de seus generosos decotes); lembra até uma espécie de versão mais leve de "Mudhoney", do grande Russ Meyer. Falando em "sexploitation", "The Naked Venus", que Edgar G. Ulmer dirigiu sob pseudônimo em 1958, é um caso interessante de um filão criado para driblar a censura: inserir em uma trama cenas em campos de nudismo _é ótimo ficar mostrando um bando de gente pelada e depois fazer a defesa da prática como parte do "american way of life". Curiosamente (ou não), os planos com gente nua são o que há de melhor neste filme: a história é meio boboca (com exceção do fato de a heroína ser não apenas uma modelo artístico, mas também nudista), e o elenco é péssimo _mas a filha do diretor, Arianne, é bem bonita e tem "presença".

    Ainda nos EUA, mas nas mãos de um alemão, Douglas Sirk (seu nome verdadeiro era Hans), temos "A Time to Love and a Time to Die", outra adaptação de Erich Maria Remarque (que faz aqui sua única aparição como ator), que novamente enfoca a guerra _desta vez, a Segunda, mas com um final razoavelmente semelhante ao de sua obra mais famosa, "Nada de Novo no Front". Claro que o melodrama se impõe, na história do jovem soldado (John Gavin, uma espécie de Rock Hudson menos corpulento) que volta para casa de licença e encontra seu mundo destruído (Klaus Kinski, bem jovem, participa de uma cena). Mas muito melhor é "The Tarnished Angels", também é adaptação de um romance (William Faulkner) e, até onde me lembro, é seu primeiro filme em preto-e-branco que vejo. Rock Hudson, novamente acompanhado de Dorothy Malone, volta em um filme sensibilíssimo e eficiente nas cenas de ação envolvendo os aviões. É também um primor de roteiro e de construção de personagens, mas chama especialmente a atenção o brilho da mise-en-scène: os planos são de uma beleza rara. Belíssimo também (e retratando o pós-guerra) é "Some Came Running" ("Deus Sabe o Quanto Amei"), de Vincente Minnelli. Shirley MacLaine é o grande motivo para vê-lo, embora Frank Sinatra e Dean Martin não sejam de jogar fora. Também estrelado por um trio é "The Crimson Kimono", mais uma gema de Samuel Fuller _mesmo não sendo um de seus melhores. Começa como um policial bem sórdido (a primeira cena é um strip-tease) e aos poucos vai crescendo ao se tornar um inesperado romance (com uma cema belíssima que envolve um piano). Há também uma discussão sobre o racismo e a mistura entre o Ocidente e o Oriente e, bem mais sutil, sobre o papel da arte. Completa o pacote uma porção de planos que exploram uma variedade bem grande de signos _mas tudo sem frescura, é claro, porque Fuller era bad muthafucka.

    Falando em bad muthafuckas, os melhores momentos da segunda temporada de "Roma" são quando Lucius Vorenus (Kevin McKidd) e Titus Pullo (Ray Stevenson) resolvem as coisas com derramamento de sangue, muito sangue. Há também uma cena muito bonita com o Brutus de Tobias Menzies. James Purefoy, como Marco Antônio é outro grande destaque, assim como Lyndsey Marshal (Cleópatra), Zuleikha Robinson (Gaia) e Simon Woods (Otávio adulto) _e, claro, Polly Walker (Atia) e Lindsay Duncan (Servilia). Novamente, a HBO chutou bundas _desta vez, calçando sandálias.

    ***

    Para finalizar, curtas (não metragens): Recebi um gentil convite de Ailton Monteiro para entrar no Karagarga, onde é possível achar uma porção de filmes (e discos e livros) que não dão as caras no E-Mule, que eu insisto em usar. Creio que vai demorar um bom tempo até eu puder fazer uploads por lá, mas, assim que rolar, devo colocar ali o DVD de "A Volta do Regresso". Enquanto o dia não chega, o filme continua circulando por aí: passou, no mês passado, em uma mostra no Centro Cultural São Paulo (da qual eu só fiquei sabendo depois que rolou), e estará em Santos no mês que vem.

    David Lynch veio ao Brasil. Não pude ir ao encontro do topetudo meditabundo, mas uma galera foi, furou a fila simulando uma gravidez e tiraram fotos e pediram autógrafos ao figura. Recebi algumas, mas não reproduzo aqui porque não são minhas. O mais legal foi a pergunta feita pelo Vebis: "Do you like rockabilly?". Óbvio que o diretor de "Wild at Heart" respondeu (repetindo várias vezes, como um mantra): "I love rockabilly!".

    Outro que está por aqui é Win Wenders. Não vou ao encontro dele com o Walter Salles e o Alcino Leite Neto (para quem fiz uns frilas quando ele era o editor do "Mais!"), mas uma coisa me chamou a atenção: o seu próximo projeto é uma adaptação de um livro do Murakami, a ser filmada em Tóquio. Será que vai ficar boa?

    Morreu Dorival Caymmi. Sou muito mais fã das letras do que das músicas, mas sem dúvida foi um gigante. Agora, não me esqueço mesmo daquela tira do Angeli em que um casal está na praia e, de repente, o home começa a cantar: "O mar, quando quebra na praia, é bonito...". A mulher, injuriada: "Credo, que coisa brega!". O homem, mais puto ainda: "É do Caymmi, porra!". E ela, não sei se irônica ou apaziguada: "Ah! Então é lindo!".

    Trabalhar em uma empresa centenária sem dúvida dá no que pensar. Vejam este parágrafo que saiu há mais de 100 anos, em 17 de julho de 1908 _uma sexta-feira: "Existe, na rua Direita, um cinematographo gratuito de réclame. Há, todas as noites, grande agglomeração de gente alli, e alguns garotos, occultando-se atraz de um andaime das immediações, divertem-se a atirar pedras nas pessoas que por ali passam. À polícia compete impedir a continuação desses abusos da garotagem."

    Mas deixei para terminar com a frase do século, proferida pelo efelentífimo sr. presidente da República: "Nossos filhos já não querem mais o carro e, sim, o computador novo. É a paixão deles, para passar a noite namorando sem ver a mulher, coisa que a nossa geração não fazia".

    Na platéia