A gruta é mais extensa do que a gruta

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    domingo, janeiro 22, 2006

    Filmes vistos entre 11/01 e 20/01

    Calor infernal, tempo de expectativas, vamos ver no que vai dar. Enquanto isso...

    In a Lonely Place: Irrepreensível clássico hollywoodiano, desses que envelhecem sem perder o viço. Diálogos certeiros, coadjuvantes perfeitos e a melhor atuação de um grande ator, além da bela trilha sonora. Um dos finais mais tristes já filmados.

    Mission: Impossible: Fazia muito tempo que eu não via um filme dublado, na TV aberta, mas esta produção de Cruise dirigida pelo De Palma, que apesar de tudo consegue imprimir sua marca em certos momentos (além de fazer algumas homenagens cinéfilas), acabou me atraindo. Boa aventura, mas me entusiasmou menos na revisão.

    Deus e o Diabo na Terra do Sol: Vi este filme pela primeira vez quando tinha 12 anos, na TV Cultura, e adorei. Realmente é um filme repleto de momentos muito fortes, com atuações e caracterizações marcantes, belos enquadramentos, ótima trilha sonora. Mas não consigo deixar de achá-lo tremendamente irregular e tenho a impressão de que ele melhoraria muito se fosse mais curto e mais concentrado.

    Office Space: Sabadão, quase quatro da madruga e estou sem vontade de dormir. Começa um filme na Globo e sou fisgado pelo nome de Mike Judge, ninguém menos que o criador do saudoso "Beavis & Butt-Head", o que é motivo suficiente para conferir _eu nem sabia que ele não trabalhava somente com animação. Inspirado na sua série "Milton", aqui ele destrincha um assunto que diz respeito a todo mundo que já trabalhou em um escritório ou coisa parecida. Nada demais, se não fosse por uma criativa cena de vingança...

    Shaft: Assisti ao "Shaft" original (na verdade, acabei largando pela metade) quando morei na Califórnia, e achei um lixo. Aí confiro a refilmagem do John Singleton, que passa no "Domingo Maior", e consigo ver até o final. Sammy se sai melhor quando dá um ar mais cafa ao Shaft (o que mal acontece; o filme sai politicamente correto demais, cadê a safadeza do blaxpoitation?), mas quem rouba mesmo a cena é Jeffrey Wright, muito bom como o bandido latino.

    We Will Rock You: Fazia tempo que eu não via um DVD musical (este, claro, é do Queen, gravado em 1982), e os problemas geralmente são os mesmos: a iluminação é pensada para o show, não para o filme; a direção insiste em não acompanhar devidamente os músicos (exemplo: está rolando um solo de guitarra, mas vemos um close dos dentes do cantor durante dois minutos) etc. Para piorar, este aqui falha ao captar o som da platéia, perdemos a interação entre ela e a banda. Mas é óbvio que a performance do quarteto compensa: só tem fera no palco, e o clima é de uma grandiloqüência em miniatura (sacou?). Freddie Mercury tem uma expressão corporal única, mas é deprimente termos de ficar olhando para suas costas peludas.

    There's Something about Mary: Mais do que se reafirmar como grande comédia, ficam mais evidentes a cada revisão a sensibilidade e o romantismo deste filme. As questões relativas às diferenças entre amor e paixão são muitíssimo bem tratadas e transpiram ética. Muitas das piadas visuais são extremamente marcantes.

    Working Girl: Filme menor do Mike Nichols, mas que nem por isso deixa de ser interessante, não apenas por captar o tal do espírito yuppie dos anos 80 (não vi o "Wall Street" do Stone nem morro de vontades) ou por trazer um bom elenco no auge da forma, mas por conseguir transitar entre uma série de lugares-comuns sem desanimar o espectador. Foi a primeira vez que vi este filme com som original.

    About Schmidt: Após um início desanimadoramente metido a besta (enquadramentos a la Walter Salles, sabe?), o filme de Alexander Payne (que fez o piorzinho "Sideways") se rende a uma série de chavões, enquanto discorre sobre um tema abrangente, realmente universal. O final não traz nada de novo (é sub-Kiarostami), mas é bastante forte, sincero. Mesmo assim, não é tão bom quanto eu pensava. A trilha sonora é especialmente mal aplicada, parece Spielberg nos piores momentos.

    Rois et Reine: Eu estava desconfiando de que isso ia acontecer: todo mundo falando muitíssimo bem do filme leva as expectativas lá para cima, o que eleva também as chances de decepção. Não que o este seja ruim, em absoluto; apenas não causou a impressão esperada. Mesmo "Clean", que também não me empolgou tanto, saiu-se melhor.

    LavourArcaica: Melhora na revisão, onde ficam mais evidentes as preocupações do cineasta com o tempo _o que o aproxima razoavelmente de Tarkovski. Impressionante como Selton Mello nunca mais ganhou um papel tão bom. E pensar que o Carvalho andou fazendo "Hoje É Dia de Maria"...

    To Kill a King: Drama histórico dos mais medíocres, sobre a Revolução Gloriosa de Oliver Cromwell na Inglaterra do século XVII. Nem para aprender história direito o filme serve, mas pelo menos traz uma atuação minimamente interessante de Rupert Everett, como o rei Charles I.

    Tora! Tora! Tora!: Tentativa de reconstituição histórica do início da guerra entre Japão e EUA, em 1941. Filme bastante sóbrio, embora tenha um mínimo de senso de humor e uma patriotadinha aqui e ali _mas obviamente distante do que o Michael Bay deve ter feito em "Pearl Harbor", assim como Spielby e seu "Private Ryan". Alguns planos do ataque, especialmente os que envolvem aviões, são impressionantes _e sem CGI.

    Kill Bill Vol. 2: Impressionante como cai na revisão, ficando bastante abaixo do Vol. 1 _que é uma delícia e é o segundo melhor filme do Taranta. Talvez seja pelo fato de que este guarde a maioria das surpresas (embora o final do primeiro seja digno de penúltimo capítulo de novela da Janete Clair)... As atuações e caracterizações também são bem menos marcantes do que no filme anterior _além do show de Daryl Hannah, salvam-se Michael Parks como o gigolô mexicano e Gordon Liu como Pai Mei (Michael Madsen vem bem mais atrás). A trilha sonora é o ponto forte.

    Jackie Brown: Não é difícil entender porque tanta gente não entendeu este filme _ou é? Nunca Tarantino foi tão maduro, tão sério, tão centrado. Isso deve espantar bastante gente... Ah, e Bridget Fonda mata a pau.

    P. S. O melhor: "In a Lonely Place"; o pior: "To Kill a King".

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